Três anúncios para uma crise: o que a cronologia da aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos pelo STF e pelo STJ tem a nos alertar? 278 comércio com a Inglaterra como foco de suas economias e não, um mercado interno (Marini, 1981). O desenvolvimento industrial das potências capitalistas não poderia ter tido lugar sema disponibilidade de bens agrícolas exportados da América Latina que pudesse liberar parte de suas populações camponesas para constituir a mão de obra industrial urbana. Ademais, matérias primas, igualmente, compuseram boa fração dos requisitos para industrialização desses Estados (Marini, 1981). A incorporação da América Latina à economia global, dessa forma, para oferecer produtos baratos a fim de garantir a expansão dessas economias e de lhes garantir suas taxas de lucro. Ocorre que ao passo que o preço dos produtos industriais importados se mantémmais oumenos estável, resulta-se emuma depreciação dos bens primários, que são exportados. Como mecanismo de compensação dessa baixa de preços das exportações, a solução do capitalista dependente é o aumento do valor por meio do aumento da exploração do trabalho: o problema que levanta o intercâmbio desigual para a América Latina não precisamente o de contrariar a transferência de valor que implica, senão o de compensar uma perda demais-valia, e que, incapaz de a impedir ao nível das relações de mercado, a reação da economia dependente é de a compensar no âmbito de produção interna. O aumento da intensidade do trabalho aparece, nessa perspectiva, como um aumento da mais-valia, obtido por meio de uma maior exploração do trabalhador e não de um incremento de sua capacidade produtiva7 (Marini, 1981, p. 38, tradução minha). A exploração do trabalhador não afeta diretamente apenas os trabalhadores como também a própria economia dependente que vê no mercado externo a única saída para sua produção, visto que o consumo individual do trabalhador é sacrificado para garantir a taxa de lucro do capitalista dependente. Em outras palavras, no capitalis7 Original: “el problema que plantea el intercambio desigual para América Latina no es precisamente el de contrarrestar la transferencia de valor que implica, sino más bien el de compensar una pérdida de plusvalía, y que, incapaz de impedirla al nivel de las relaciones de mercado, la reacción de la economía dependiente es compensarla en el plano de la producción interna. El aumento de la intensidad del trabajo aparece, en esta perspectiva, como un aumento de plusvalía, logrado a través de una mayor explotación del trabajador y no del incremento de su capacidad productiva” (Marini, 1981, p. 38).
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