Além de perdas humanas: reflexões sobre os impactos do evento hidrogeoclimático e socioambiental na biota após o desastre 122 provenientes das porções meridional e central da América do Sul, o que torna o estado particularmente interessante no que se refere a estudos sobre biodiversidade e importante no que se refere a ações de conservação de meio ambiente, espécies e grupos taxonômicos, pois muitos tem por aqui seus limites de distribuição, como por exemplo, a Ordem Primates na Região Neotropical. Biologicamente contextualizando, e para efeito de entendimento do presente capítulo, o termo biota, refere-se ao conjunto de todos seres vivos de um determinado ambiente ou de um determinado período, ou espaço de tempo, que estão convivendo. Pode ser empregado em múltiplas escalas, tanto geográficas (pequenas ou imensas áreas) como temporais (curto espaço de tempo ou mesmo eras geológicas), na nossa lógica, daremos atenção a determinados grupos de seres vivos, que ocupavam a região atingida pelo fenômeno hidrogeoclimático e socioambiental, que atingiu o estado do Rio Grande do Sul entre os meses de maio e julho de 2024, especialmente na região da Depressão Central do estado, e áreas de algumas regiões limítrofes, como a Região da Encosta Inferior do Nordeste e Região Litoral. CONTEXTUALIZAÇÃO DO DESASTRE E IMPACTOS RELACIONADOS 1.1 O que realmente aconteceu? O fenômeno hidrogeoclimático e socioambiental, que atingiu o estado, foi resultante de vários fatores, e essa equação não pode ser simplificada, pois análises superficiais vão incorrer em erros. Cabe observar, que nos trechos das regiões de descida dos rios, em trechos com diminuição da declividade dos corpos hídricos (Rios Caí e Taquari/Antas), ocorreram eventos que são chamados tecnicamente de enxurradas, ou seja, a descida das águas com grande força de deslocamento. Temos que pensar que praticamente toda a água que precipita no território do Rio Grande do Sul, escoa para o Oceano Atlântico, por basicamente quatro pontos: 1) Foz do Rio Mampituba (localizada no Município de Torres, com uma quantidade mínima de água), 2) Foz do Rio Tramandaí (que escoa as águas do Complexo Lagunar
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