E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

127 Marcelo Pereira de Barros, Jenifer Panizzon, Caterine Noschang, Júlia Guimarães Borba, Leonardo Morellato Pereira e Luísa Averbeck a duração do evento e a características específicas dos habitats afetados. Fatores como a extensão da mancha de inundação e a velocidade da água possuem papéis fundamentais na determinação dos efeitos sobre a flora e fauna aquáticas. SegundoMaria João Veloso da Costa Ramos Pereira, professora e pesquisadora do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), as enchentes rápidas e intensas têm um impacto devastador na fauna aquática. Peixes, crustáceos e outros animais aquáticos que não conseguem escapar acabam sendo arrastados pela correnteza e, emmuitos casos, ficando presos em áreas com baixa oxigenação. Essa combinação de fatores, resulta em morte imediata para muitas espécies já vulneráveis. Além disso, as mudanças drásticas nos níveis de água e a sedimentação alteraram os habitats de diversas espécies aquáticas, comprometendo a sobrevivência de peixes e outras formas de vida aquática. A contaminação das águas, causada pelo escoamento de resíduos e materiais tóxicos, agravou ainda mais a situação, reduzindo a qualidade dos recursos hídricos e levando à morte de espécies sensíveis. Esses efeitos acumulam-se, criando um desafio ambiental complexo para a região, e destacam a necessidade de uma resposta integrada para mitigar os danos ao ecossistema aquático. Assim como em áreas com atividade antrópica bem estabelecida, os sistemas aquáticos, que muitas vezes sofrem impactos diretos e indiretos da antropização, também foram atingidos pela catástrofe histórica. Em termos de pesquisa, ainda é cedo para afirmar com certeza os resultados do evento climático nas comunidades existentes nos biomas do estado. No entanto, é possível mensurar, partindo de um viés ecológico, as possibilidades de impactos negativos à fauna e flora do meio aquático durante este período. Parques e outras áreas protegidas foram igualmente atingidos. Unidades de Conservação, como a Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã, no oeste do estado, podem ter sofrido menor impacto, pela sua localização e geologia. Porém, ao sul, no Parque Nacional da Lagoa do Peixe e na Estação Ecológica do Taim, que são grandes abrigos de biodiversidade, toda a água oriunda da enchente foi remetida às suas respectivas áreas. Entre as 24 unidades de conservação gerenciadas pelo governo gaúcho, as mais atingidas foram as da Região Metropolitana e municípios vizinhos da capi-

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