129 Marcelo Pereira de Barros, Jenifer Panizzon, Caterine Noschang, Júlia Guimarães Borba, Leonardo Morellato Pereira e Luísa Averbeck que assolou a cidade e que indica que a espécie pode estar em uma classificação mais grave de conservação do que o descrito. Ponto importante a ser destacado, é que em um fenômeno hidrológico como esse, biotas (fauna e flora) de cursos hídricos e bacias hidrográficas diferentes, e que se originaram de áreas evolutivas diferentes, entraram em contato, com a introdução de espécies de uma área distinta, em outro local. Fato interessante foram os cardumes de tilápias e piranhas, que foram registradas nadando em ruas do centro de Porto Alegre no mês de maio. Essas espécies não fazem parte da fauna de peixes, originária do Lago Guaíba, mas com certeza, exemplares inclusive foram carregados para as lagoas da região sul do estado, o que pode, por exemplo, causar danos a safras, como por exemplo de camarão, nos próximos anos. 1.4 Impactos na fauna terrestre de vertebrados Atualmente, pesquisas indicam que aproximadamente 10% das espécies de vertebrados estão ameaçadas de extinção por eventos climáticos extremos, potencializada essa ameaça por atividades humanas. Ações antrópicas nos últimos séculos, diminuíram drasticamente o número de exemplares de muitas espécies, e empurraram esses animais para redutos populacionais restritos, tornando- -os mais suscetíveis ao desaparecimento. Não foi apenas a espécie humana que sentiu – e sofreu – os efeitos das enchentes. Os animais silvestres, nessas situações, tendem a se deslocar e podem acabar procurando abrigo em áreas secas, rurais ou urbanas. Por outro lado, existem “oportunistas” que aproveitam as consequências de toda a situação, é o caso, por exemplo, de algumas aves. Bastante comum em espécies exóticas como as pombas, esse comportamento foi observado em Porto Alegre e chamou a atenção, quando grupos de garça-branca-grande (Ardea alba) foram avistados se, alimentando de peixes que ficaram isolados em poças e em áreas alagadas pelas águas do Lago Guaíba (Fig. 4). Outras aves que beneficiaram foram os urubus (Cathartidae) e os carcarás (Caracara plancus), pois se alimentam de restos de outros animais (carcaças ou carniças), podendo inclusive consumir resíduos produzidos pelos seres humanos (Fig. 5). O cenário catastrófico que se apresentou, juntamente com quantidades absurdas de resíduos nas
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