E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

131 Marcelo Pereira de Barros, Jenifer Panizzon, Caterine Noschang, Júlia Guimarães Borba, Leonardo Morellato Pereira e Luísa Averbeck O impacto das enchentes na região afetou diversas espécies silvestres e ecossistemas de forma considerável. Contudo, ainda é prematuro afirmar com precisão todos os danos sofridos pela vida silvestre. Vertebrados como mamíferos, aves e répteis foram diretamente impactados pelas enchentes, especialmente em áreas de planície, onde as inundações se prolongaram por períodos críticos. Espécies com baixa mobilidade, como pequenos mamíferos e répteis, sofreram perdas significativas devido à falta de abrigos e à dificuldade de escapar das áreas submersas. A maioria dos filhotes, exceto as aves aquáticas, não possui capacidade de nadar, o que torna a sobrevivência em situações extremas um desafio quase insuperável, levando à dizimação de algumas populações. Além disso, considerando que o evento ocorreu no final do outono, algumas espécies já estavam se preparando para a chegada da estação mais fria do ano, o que complicou ainda mais suas chances de sobrevivência. Mamíferos e répteis costumam procurar cavernas e tocas para se manteremsecos e coma temperatura corporal adequada, enquanto anfíbios anuros buscam locais úmidos e protegidos, sob pedras e troncos. Esse comportamento pode ter contribuído para a mortalidade de muitos indivíduos de algumas populações de vertebrados terrestres. Conforme a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (2024), uma rede de biólogos monitorou áreas inundadas em busca de animais silvestres deslocados. Esses profissionais atuaram em regiões críticas para resgatar e realocar a fauna afetada, com o objetivo de minimizar as perdas e assegurar a sobrevivência dos animais impactados pelas enchentes. Essa ação coordenada foi fundamental para entender a extensão dos danos e planejar estratégias de conservação e recuperação das espécies afetadas. Alémdisso, o IBAMA (São Paulo) desempenhou umpapel crucial ao ajudar as vítimas das enchentes e resgatar animais silvestres em extinção no Rio Grande do Sul. Segundo o órgão, exemplares de espécies ameaçadas de extinção foram resgatados em condições de extremo risco, e muitos deles necessitarão de cuidados especiais para sobreviver ao trauma causado pelas enchentes. Esses esforços foram essenciais para a preservação de espécies que, de outra forma, poderiam ter sido perdidas nesse desastre natural. A atuação do Ibama incluiu a realocação de animais para áreas seguras, além

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