E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

Entre restos e memórias: uma reflexão sobre as imagens do desastre 14 Ainda no dia 4 de maio, enquanto eu procurava nas imagens ou algum texto que permitisse ter a certeza de que minha mãe e meus irmãos tinham sido resgatados, aguardando algum áudio onde a voz deles ativasse a imagem de segurança, não sabia que naquele momento minha mãe fechava os olhos dentro de um barco. Apesar de resgatada, durante todo o trajeto do seu resgate ela não quis ver imagem alguma. Ali, naquele momento, o tempo estava suspenso, naquele instante as imagens poderiam assombrar. Naquela situação não ver para não se imaginar dentro da água foi o recurso que minha mãe usou. Fechar os olhos era o instinto de sobrevivência. Neste momento a natureza nos lembra que somos animais e, como qualquer animal queremos mais tempo, queremos mais vida. Sobra o relato que produz nos sujeitos um efeito de imagem, uma ideia de que o fato vivido não dá conta da narrativa, oumelhor, a narrativa seja o discurso ou a imagem é apenas outra coisa, uma outra forma de trazer o trauma para o presente. O umbigo do mundo ou a medida de coisa nenhuma Figura 2: Leonardo da Vinci. Homem Vitruviano 1492. Caneta, tinta, aquarela e ponta de metal sobre papel, 343 x 245 mm – Galerias Accademia, Veneza. Fonte: site Art Web Gallery 1

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz