15 Júlio César da Rosa Herbstrith A imagem anterior é um dos desenhos mais conhecidos de Leonardo da Vinci. No centro do círculo que se sobrepõe ao quadrado, temos o “umbigo do mundo”, a ideia antropocêntrica que visava colocar o Homem como o centro do mundo conhecido. Leonardo foi um dos artistas responsáveis por defender a ideia de que a razão e o intelecto eram o que diferenciava os artistas dos homens comuns, a arte como “coisa da mente” na virada da Idade Média para a Idade Moderna, se colocava como algo distanciado de uma realidade prática, ainda que o próprio artista fosse extremamente racional e pragmático quando solicitadas as suas outras habilidades. Da Vinci entendia que como ser racional, era sua obrigação conhecer a natureza e os mecanismos por traz do funcionamento do mundo Natural. Como a Natureza se comportava, como o movimento das águas influenciava a navegação, como a partir da análise deste mesmo movimento seria possível “domar” um rio. Assim ele usou o desenho, para entender e para dominar objetivamente a Natureza. Assim nasce o Homem Moderno, distante da Natureza. O mapa a seguir, desenhado por Leonardo da Vinci, refere ao Rio Arno, como “Mestre das Águas” título que seria um “equivalente” à Engenheiro Hidráulico, Leonardo trabalho para a Casa dos Borgias, desenvolvendo projetos de drenagens de pântanos, bem como planejamentos para a construção de canais que contornariam o Rio Arno, algo que auxiliaria na manutenção dos moinhos que eram alimentados pelo Rio. Uma vez que durante o outono e primavera este Rio tinha como características extravasar em planícies de inundação, naquela época já ocupadas, em função dos Moinhos. Da Vinci assim como muitos outros artistas de sua época trabalhava para as cortes, para as mais poderosas famílias na Toscana e em Roma, servindo como engenheiro, desenvolvendo experimentos para ordenar a Natureza conforme as necessidades dos mandatários das cidades mais proeminentes da região que hoje, conhecemos como Itália. O seu “Homem Vitruviano”, nada mais é do que a manifestação visual de um pensamento centrado em uma relação objetiva com a Natureza, muito mais de domínio e escrutínio do que de colaboração. Não existe um trabalhar com a Natureza, mas um compreender para dominar, trabalhar fora da Natureza, com o direito “divino” de usufruto sobre seus recursos.
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