E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

179 Graciane Berghahn Konzen, Valessa Jamile Santos, Daniela Müller de Quevedo, Roberta Plangg Riegel e Annette Droste emumprimeiromomento o termo nos leve a associá-lo com terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas, ciclones e furacões, os desastres naturais contemplam, também, processos e fenômenosmais localizados, tais como deslizamentos, inundações e erosão, que podem ocorrer naturalmente ou induzidos pelo homem (Tominaga et al., 2009). Muitas pessoas morrem anualmente devido às consequências de desastres de veiculação hídrica. Outras perdem todo o patrimônio familiar alcançado com muitos anos de trabalho e esforço. Nos municípios litorâneos que se desenvolveram em cotas baixas, a coincidência de marés altas também contribui para agravar o problema (CEPDEC, 2018). Na região sul do Brasil, os desastres naturais que ocorrem com maior frequência têm origem hidrometeorológica (estiagem, vendaval, enxurrada, inundação e granizo). Historicamente, essa região chama atenção não apenas pela ocorrência de grandes desastres, como também pela frequência e variedade de eventos, inclusive de eventos atípicos, como o Furacão Catarina (Jungles, 2012). O aquecimento global associado aos desastres ambientais, vem se tornando mais impactantes e disseminados. Acarretam assim, danos ao ambiente, aumento da desigualdade social e um aumento da migração involuntária (Brasil, 2024). Devido ao elevado número e intensos eventos de desastres naturais no Brasil, em junho de 2011 foi criado o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI). Consiste emumprograma multissetorial, para atuação coordenada da gestão de monitoramento e alertas de desastres naturais, com o intuito de salvar vidas, e reduzir a vulnerabilidade social, ambiental e econômica (Brasil, 2022). No decorrer dos últimos anos, os estudos mostraramdiferentes formas de entendimento, análise e ação em relação aos desastres. Sendo assim, existem os quatro paradigmas dos desastres: o tecnocêntrico; o comportamental; o da vulnerabilidade e da complexidade. Reconhecer os paradigmas é conseguir entender os riscos e ter uma tomada de decisão assertiva (Brasil, 2021). 2 Gestão de Riscos e Desastres (GRD) A Gestão de Riscos e Desastre (GRD) é processo social, permanente e contínuo, apoiado por estruturas institucionais e comu-

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