E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

Entre restos e memórias: uma reflexão sobre as imagens do desastre 22 A imagem tem potência. Assim responde o filósofo e historiador da Arte Georges Didi-Huberman ao também filósofo mexicano, Gerardo de la Fuente quando de la Fuente aborda a questão da imagem como forma que trespassa as fronteiras e da tentativa dos poderes de deter as imagens. Didi-Huberman comenta que nada pode deter o fluxo das imagens, pois elas fluem, como um rio. Esta metáfora da imagem como um rio, por mais tensa que seja, nos indica que qualquer imagem, falsa ou verdadeira tempotência, mas esta potência vai sempre depender do uso das imagens e de como percebemos e relacionamo-nos com elas. Para Didi-Huberman existe uma migração do espaço e uma migração no tempo, no caso das imagens, o autor retoma, portanto, o que Aby Warburg (1866-1929) chamava de sobrevivência. A imagem sobrevive a quem faz a imagem. O autor aponta que uma imagem sempre se refere à outra coisa, portanto a imagem não é uma coisa em si, mas é algo sempre relativo à outra coisa. Imagens como texto, como fotografia, imagens como sonhos. A lembrança como uma imagem. As imagens que aparecem nos sonhos podem influenciar o discurso cotidiano, uma vez que as imagens estão em contante migração. Sendo fundamental ter um conhecimento crítico sobre a imagem, por isso mesmo compreender que as imagens têm espessura, tem raízes. Didi Huberman usa como metáfora o rio, que não possui uma única fonte, mas múltiplas fontes, um bosque que não possui apenas uma raiz, mas muitas raízes. Assim é a imagem, um fluxo contínuo cuja origem é o encontro de múltiplas fontes e experiências. E o resto, quando a imagem é afogada? Mas ao mesmo tempo nos afoga, quando o rio de imagens não nos deixa dormir? E quando as imagens cessam? Quando aqueles que esperam pelas imagens dos parentes, dos animais de estimação, das suas casas, ou dos restos, não temmais imagens, neste caso a imaginação assume. E, imaginar é um ato poderoso.

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