E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

27 Haide Maria Hupffer, Thaís Rúbia Roque e Agnes Borges Kalil mulheres e 7 não identificados, dos quais pelo menos 55 são idosos e 13 crianças ou adolescentes), 27 desaparecidos e 806 feridos. Os dados oficiais apontam que foram resgatadas 77.712 pessoas pelas autoridades públicas, além de milhares de gaúchos resgatados por voluntários e 581.638 ficaram semmoradias. Em 117 cidades foram criados 980 abrigos gerenciados por autoridades públicas, sociedade civil organizada ou voluntários. Nestes abrigos, “foram atendidas 81.170 pessoas impedidas de retornar a suas casas, temporária ou permanentemente, e que não tinham alternativa de moradia” (Suarez; Bello; Campbell, 2024, p. 17-18). Dentre os municípios que foram mais fortemente impactados estão os mais populosos do Estado do Rio Grande do Sul, principalmente na Região Metropolitana, Serra Gaúcha e na Aglomeração Urbana do Sul nas sub-bacias do Guaíba onde correm os principais rios como o Taquari-Antas na Serra Geral, o Baixo Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí na Depressão Central e parte do Litoral. Todos os rios dessas bacias, exceto os do Litoral, desaguam no assim denominado “Lago Guaíba” (Rückert et al., 2024). Alémdas milhares de famílias desabrigadas, milhares de animais foram abandonadas, desde os que possuíam residência, em situação de rua, animais comunitários, animais de produção, animais submetidos a maus-tratos. Todos eles, seres humanos e animais necessitavam de ajuda, como locais de abrigo, resgate, alimentação e necessitavam ser tratados com respeito e compaixão, dadas as circunstâncias catastróficas que enfrentavam. Falar sobre o direito dos animais, no desastre, foi desafiador, visto que muitos seres humanos não entendem que os animais também foram vítimas dessa tragédia, a preocupação inicial foi voltada apenas a eles, humanos. Esse pensamento e prática lentamente vem sendo superado, e felizmente muitos protetores de animais, organizações governamentais (OGNs), voluntários e simpatizantes da causa animal foram protagonistas e assumiram uma responsabilidade e dever para com os animais que foram esquecidos por grande parte da sociedade e ignorados pelo poder público (Hupffer; Roque; Barros, 2024). O Estado do Rio Grande do Sul se uniu e milhares de vidas tanto humanas quanto animais foram salvas, graças a resiliência e persistência da população.

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