E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

O desastre climático do Rio Grande do Sul: violações aos direitos humanos e a invisibilidade dos desterrados ambientais 28 Foram resgatados e encaminhados para abrigos cerca de 20.000 animais de estimação, entre cachorros, gatos e cavalos (Dilly, 2024). O número de animais de produção (suínos, aves, bovinos, equinos) vítimas também do desastre é inquietante, tendo em vista que grande parte desses animais, por serem criados em sistema de confinamento, não conseguiram fugir e ficaram presos nas instalações e sistemas de confinamento. Muitos morreram afogados ou por falta de alimentos, água e energia. Cerca de um milhão de animais explorados para consumo foram encontrados mortos, conforme denúncia da ONG Mercy for Animals, embora organizações do setor contabilizem as mortes desses animais como prejuízos econômicos, cabe frisar, que foram vidas de seres sencientes ceifadas nessa tragédia. Importante destacar a dimensão dessas perdas e a vulnerabilidade dos locais utilizados para a criação de animais de produção frente a eventos climáticos, o desastre de 2024 revelou que é extremamente necessário realocação e adequação dessas estruturas, tendo em vista que esses animais, são possuidores de direitos e detentores de dignidade (Hupffer; Roque; Barros, 2024). Apesar de estudos demonstrarem que áreas urbanas são mais suscetíveis de serem atingidas, devido a ambientes instáveis como planícies de inundações, morros e encostas, além do crescimento populacional desordenado. Cabe frisar que a inundação do RS não realizou distinção entre áreas urbanas ou rurais, milhares de granjas do agronegócio foram afetadas pelas águas, destruindo máquinas agrícolas, lavouras e matando rebanhos inteiros de animais. Ainda, localidades foram totalmente destruídas, como é o caso de Roca Sales e Muçum, esses municípios terão a tarefa árdua de reconstruir em novos locais (Rodrigues et al., 2024). O nível do Guaíba atingiu nível histórico com5,35metros (superando o nível de alerta de 3,6 metros) contra 4,75 (com a cota de inundação em 3,00) quando ocorreu a maior enchente da região no ano de 1941. O sistema de defesa contra enchente da capital falhou, como também de outras cidades da Região Metropolitana, ampliando as inundações emvárias áreas urbanas e costeiras. Cinco grandes barragens na Serra Gaúcha se romperam ou estiveram a ponto de romper, como também vários diques e comportas nas cidades (Rückert et al., 2024).

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