O desastre climático do Rio Grande do Sul: violações aos direitos humanos e a invisibilidade dos desterrados ambientais 30 gos morreram afogados. Assim sendo, os prejuízos são inestimáveis (Borges; Araújo, 2024). Foi publicado o Decreto Estadual de Calamidade Pública n.º 57.596, de 1º demaio de 2024, alémdisso, no dia 30 demaio foi publicado o Decreto n.º 57.646, de 2024, que especificava 95 municípios em estado de calamidade pública e 323 em situação de emergência. Nesses 418 municípios, estão sediadas 47 mil industriais gaúchas, que empregam 813 mil pessoas, que podem ter sido afetadas de forma parcial ou total (Henkes, 2024). Nas encostas da Serra Geral, em torno de 15 mil cicatrizes de deslizamentos abriram-se devastando terras agrícolas e pequenas cidades. Em termos comparativos de grande magnitude, os deslizamentos revelaram ser três vezes mais do que o evento emPetrópolis/ RJ, o que demonstra a severidade dos eventos climáticos no Estado como um dos mais significativos ocorridos no Brasil até a presente data (Rückert et al., 2024). No caso do Estado do Rio Grande do Sul, os primeiros alertas municipais de risco hidrológico forampara região central e oeste, no dia 29 de abril, nível moderado. A maioria dos alertas para a região teve seu nível elevado para risco alto no dia 30 de abril. A cidade de Lajeado foi um dos primeiros municípios que recebeu alerta de risco hidrológico alto no dia 30 de abril e nível muito alto em 24 horas, eram observados acumulados significativos em toda a Bacia do Taquari, que indicava o agravamento e permanência das inundações e alagamentos nos dias consecutivos (Marengo et al., 2024). Na capital, Porto Alegre, o rompimento da comporta no dique do Guaíba e suas consequências não foi somente causada pelo evento extremo de tempo ou clima. Foi também resultado da vulnerabilidade tecnológica e negacionismo da grave situação que provocou as inundações, evidenciou-se o quanto as vulnerabilidades foram determinantes nos impactos causados (Marengo et al., 2024). A associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural encaminhou no dia 26 de abril de 2024, um ofício intitulado Alerta ao Estado do Rio Grande do Sul e ao Governador. O documento destacava a ação direta do governo estadual em flexibilizar o código ambiental em várias áreas, liberação de mais agrotóxicos, a destruição de Áreas de Preservação Permanente, a ausência de políticas de recuperação de matas ciliares, o incentivo à construção de polos carbo-
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