O desastre climático do Rio Grande do Sul: violações aos direitos humanos e a invisibilidade dos desterrados ambientais 32 reza e os animais é a consequência da maneira como a sociedade se posiciona em relação a ela (Hupffer; Roque; Barros, 2024). O Brasil possui capacidade de monitorar e emitir alertas, tem capacidade de fazer a gestão de riscos, todavia, fazer a previsão do tempo é um dos componentes e não o principal. Nesse contexto, o Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas pode salvar vidas, reduzir os impactos dos desastres e perdas materiais. Faz-se necessário a desnaturalização dos desastres frequentemente chamados de naturais. A tragédia ocorrida em abril e maio de 2024, no Estado do Rio Grande do Sul evidencia as consequências da flexibilização da legislação ambiental, negacionismo climático e o desmonte dos serviços públicos são desproporcionalmente suportados por populações historicamente vulneráveis e marcadas por desigualdades sociais e injustiças. A destruição de lares e comunidades desfaz laços sociais e culturais, resultando em perdas irreparáveis de identidade e solidariedade (Carpentieri, 2024). Nesse sentido, uma governança climática é de suma importância para proteção dos ecossistemas e de comunidades vulneráveis, especialmente na promoção, coordenação e implementação de políticas que mitigam os impactos das mudanças climáticas. Investimentos em infraestrutura resistente ao clima, educação ambiental, educação animal, capacitação para adaptações e mecanismos de financiamentos que ajudem as comunidades a se recuperarem de eventos climáticos extremos são algumas políticas que integram o princípio de uma governança climática (Fraga; Pinto, 2024). Paulo Artaxo (2024) declara que as mudanças climáticas estão aumentando a intensidade e frequência dos eventos climáticos extremos, e que para prevenir situações como a que o Estado sofreu é necessário reforçar, e muito, a Defesa Civil de cada Município, de cada Estado e uma Coordenação a nível Nacional, para que efetivamente se possa proteger a população desses eventos climáticos extremos. O pesquisador frisa que “hoje eles são previsíveis, vão ocorrer de maneira cada vez mais frequente, então não há a menor justificativa para não agir agora para proteger dos próximos eventos climáticos extremos que vão acontecer, talvez daqui uma semana, ummês ou um ano, mas eles vão acontecer; não há a menor dúvida” (Artaxo, 2024).
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