E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

33 Haide Maria Hupffer, Thaís Rúbia Roque e Agnes Borges Kalil Alegações no sentido de que os desastres ambientais são cíclicos, carecem ser rebatidas para que a sociedade possa entender que uma má administração, um manejo incorreto dos ecossistemas, são consequências da crise climática. O desastre antropogênico que aconteceu é um exemplo para afirmar que a crise climática é uma realidade inquestionável. O conceito de desastre antropogênico decorre da ação humana de buscar dominar a natureza, tendo em vista que a relação entre humana e natureza se revela como modelo próprio devido ao antropocentrismo. Como consequência dessa relação, infelizmente as previsões científicas são muito alarmantes, uma vez que todas as propostas dos acordos realizados em conferências internacionais sobre mudanças climáticas não estão sendo atingidas e executadas (Rodrigues et al., 2024). Cabe ressaltar que as causas que levaram a ameaça de inundações se tornassem uma catástrofe de fato resultaram das escolhas humanas e das condições do modelo de desenvolvimento e crescimento escolhido. Que foram acrescidos por políticas, de gestão e técnicas na forma como o desastre é enfrentado. Como no caso de Porto Alegre, construções em áreas com risco de inundações nas margens do Guaíba, que foram inundadas em setembro de 2023, voltaram a ser atingidas em maio de 2024 com maior gravidade (Marengo et al., 2024). A falta de informações e conhecimento sobre a importância do socioambiental e da biodiversidade pode levar a decisões equivocadas sobre o capital natural e o humano, também não contribui para uma efetiva consolidação de políticas socioambientais de combate às alterações climáticas e ao próprio clima, que é um direito fundamental relacionado ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (Fraga; Pinto, 2024). Visto e sabido por todos que é urgente a mudança, a relação entre o ser humano e a natureza deve ser drasticamente modificada, pois a natureza é o todo, existe por si só, é grandiosa, sábia, anciã da vida terrestres, já o ser humano é mero coadjuvante, e mesmo assim insiste em achar que faz o papel principal no mundo. A tragédia vivenciada pelo Estado deve ressignificar o equilíbrio entre o homem e natureza, uma visão holística será um caminho a ser seguido.

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