E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

O desastre climático do Rio Grande do Sul: violações aos direitos humanos e a invisibilidade dos desterrados ambientais 40 e universidades acabarampor se tornar abrigos temporários, fato que prolongou os períodos de suspensão das aulas nesses lugares. Isso sem falar nos danos causados às instituições, estimadas em992 escolas e universidades que foram atingidas pelo evento climático, gerando impacto a cerca de 46.402 alunos e mais de 79.782 de horas-aula perdidas (Suarez; Bello; Campbell, 2024, p. 79-90). Osgrupos tradicionaisepopulaçõesespecíficas tambémforam muito impactados com o evento climático. No período de maio/2024, além de 80% das aldeias indígenas terem sofrido os impactos provocados pelas enchentes, totalizando 16.691 indígenas, dente os povos Guarani Mbya, Kaingang, Xokleng e Charrua, outros 60% suportaram avarias relacionadas à produção do próprio alimento, inclusive na infraestrutura para produção, lavoura, cultivos coletivos e domésticos, criação de animais, pesca, gerando insegurança alimentar, além da destruição demoradias e da inviabilização do comércio do artesanato, principal fonte de renda. Ainda, 88% das comunidades quilombolas foram atingidas, totalizando cerca de 15.445 pessoas, os quais, assim como os indígenas, igualmente suportaram a violação de direitos ao suportar a insegurança alimentar, destruição da infraestrutura destinada ao sustento da comunidade e das moradias. Por fim, também foram registrados os impactos suportados pelos pescadores artesanais que, em razão das chuvas e cheias, para além da perda dos equipamentos de trabalho, de igual forma não conseguiram obter o próprio alimento e sustento (Suarez; Bello; Campbell, 2024, p. 71). Por fim, destaca-se a população LGBT, que durante a situação de desastre, seguiu sendo vítima de crimes de ódio e discriminação. A vulnerabilidade já existente foi intensificada em razão da rejeição familiar, fundamentada na orientação sexual e identidade de gênero, no momento de oferecer abrigo durante o evento climático, levando a situação de rua e busca por abrigos públicos, nos quais igualmente ocorriam crimes de violência e discriminação variados, desde restrições ao uso do banheiro e uso do pronome incorreto, causando sofrimento psicológico e emocional, até a violência física e a falta de acesso aos medicamentos para a continuidade no tratamento de saúde. Diante dessa situação de hipervulnerabilidade, foram criados alguns abrigos destinados a população LGBT, como o Renascer em Porto Alegre, os quais foram estruturados de forma direcionada às necessidades do grupo (Suarez; Bello; Campbell, p. 72-73).

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