45 Haide Maria Hupffer, Thaís Rúbia Roque e Agnes Borges Kalil rias fraturadas pela violência das águas, pontes destruídas e estradas interrompidas pelo deslizamento de terras. Mesmo não sendo considerados desterrados ambientais, uma simples compra de supermercado, medicamento, acesso à sistema de saúde, educação e continuidade da atividade laboral são extremamente complexas por serem privados de o mínimo necessário de infraestrutura viária para continuarem suas vidas. Qualquer nova precipitação exige mobilização da comunidade para recuperar emergencialmente desvios, pontes e estradas provisórias. A dificuldade de acesso ao mínimo necessário ampliou o número de deslocados ambientais, exigindo decisões radicais de abandonarem suas casas e comunidades em busca de centros urbanos com acesso facilitado à serviços de saúde, o que também inclui mudança de Estado. Ter novamente uma casa para poder recomeçar a vida ainda é um sonho distante para milhares de milhares de gaúchos vítimas da tragédia. Em relação a disponibilização de recursos estaduais e federais prometidos para assegurar que todas as pessoas cadastradas o processo é muito lento, o que gera ansiedade às vítimas que perderam tudo, tanto pela falta de informações claras, critérios e prazos as construções. Passados doze meses, um dos pontos mais críticos da reconstrução das cerca de cem mil residências totalmente destruídas. Em abril de 2025, 396 pessoas ainda aguardam em nove abrigos coletivos, alguns aguardam em casas de parentes; “outros estão em imóveis alugados com o auxílio do aluguel social (pago pelos municípios)” e uma parcela alugou com recursos próprios outros imóveis. Os desterrados dessa grande tragédia “anseiam ter um novo endereço permanente, onde possam cuidar das suas famílias, criar novas memórias, plantar novas flores e cultivar a esperança de um futuro mais digno e seguro, mas a lentidão da reparação agrava problemas de saúde mental entre os moradores” (Fróis; Reinholz, 2025). Até o final do mês de abril de 2025, das “625 casas prometidas, 263 ainda não haviam sido entregues”. O município de Canoas, um dos mais atingidos, até final de abril destinará as chaves para 58 famílias e em Porto Alegre serão destinadas mais oitenta moradias. O Compra Assistida é um dos principais programas habitacionais de iniciativa do governo federal para casas permanentes, possibilitando a aquisição “de imóveis prontos, no valor de até R$ 200 mil, para quem perdeu a casa na enchente”, sendo contemplados até o
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