59 Danielle Paula Martins Diversos são os estados e biomas que contabilizam desastres. O Rio Grande do Sul, por exemplo, vive entre os anos de 2023 e 2024, um período de eventos climáticos extremos com mais frequentes e com alto poder destrutivo, mas é importante salientar que isso não ocorre apenas neste ano. Mais recentemente, findaram-se três anos de estiagem/seca que resultaram em 391 municípios com decretos de situação de emergência. No último evento extremo até então, decorrente de fortes e vultuosas chuvas em maior parte do estado, gerou-se acumulados de pluviosidade poucas vezes observados anteriormente, como o de 845 milímetros em Caxias do Sul, por exemplo, em que a média normal climatológica fica em torno de 131 milímetros para o mês de maio (Inmet, 2024). Diante dos números que contabilizamos em decorrência dos desastres, somados as elevadas taxas de urbanização identificados no mundo, especialmente sobre áreas com perigos naturais, é fundamental compreender a dimensão sistêmica da problemática, considerar a relação socioambiental que é pano de fundo dos cenários que enfrentamos, e desenvolver instrumentos que orientem a correta gestão territorial para a redução dos riscos de desastres. COMPREENDENDO A DIMENSÃO DOS DESASTRES É oportuno compreender que tratar sobre desastres deve contemplar uma análise que inclui considerar quais foram as nossas escolhas como sociedade. Os desastres como observamos atualmente são resultado de um processo, fruto de um conjunto de fatores, escolhas (Natenzon, 2016) que podem ter questões naturais obviamente, como eventos e anomalias que compõe ciclos da natureza, mas também, uma influência importante das questões antrópicas. A compreensão do alcance dos desequilíbrios provocados pelas atividades humanas, precisa ser considerado como impulsionadores especialmente dos cenários de riscos construídos. Aqui cabe muito bem o que traz a teoria de Beck (1992), que propõe que os avanços industriais e científicos não podem mais ser contidos e resultam em riscos, que configura a modernidade como sendo uma sociedade do risco. Para melhor compreender como entendemos os desastres no Brasil, partimos do que a Codificação Brasileira de Desastres – COBRADE apresenta como classificações, sendo eles nomeados como: naturais ou tecnológicos.
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