E depois dos desastres? Natureza e ciência: uma reconstrução assertiva

79 Anderson Moraes da Silva, Giovani Spinelli de Almeida, Matheus Martini, Vanesca Souto Severo, Fábio Scopel Vanin, Haide Maria Hupffer, Daniela Müller de Quevedo e Annette Droste Os mapas, número de óbitos, desabrigados e desalojados, total de afetados e prejuízos econômicos foram obtidos através do Atlas Digital de Desastres no Brasil, considerando o período 1991-2023. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período 1991-2024 foram reconhecidas 634 ocorrências de inundações no RS, com o maior número de registros nos anos de 1992, 2002, 2009, 2010, 2015 e 2023, com 82, 47, 75, 53, 51 e 53 ocorrências, respectivamente (Figura 1a; Figura 1b). No período 1991-2023, as inundações resultaram em 24 óbitos no RS (Figura 2a), deixaram 341.943 pessoas desabrigadas e desalojadas (Figura 2b), chegando a um total de 1.675.097 afetados (Figura 2c) e causaram prejuízos de R$ 5,44 bilhões (Figura 4d). Em 2024, ocorreram inundações em 96% do território do RS, causando impactos de grandes magnitudes nas esferas social, ambiental e econômica (Marengo et al., 2024), deixando 357 municípios em emergência; 95 municípios em situação de calamidade; 2.398.255 (21,56%) pessoas afetadas; 806 feridos; 183 óbitos e 27 desaparecidos. Este evento foi considerado o maior desastre climático da história do RS e um dos maiores do Brasil (Rio Grande do Sul, 2024). No entanto, esses dados ainda não estão disponíveis no Atlas Digital de Desastres no Brasil. O número expressivo de eventos nesses períodos pode estar relacionado a padrões climáticos específicos, como fenômenos do El Niño, que tendem a intensificar chuvas na região sul do Brasil, favorecendo a ocorrência de inundações (Brasil, 2020; Brasil, 2023b). As inundações causam impactos de diferentes magnitudes, sendo influenciadas pela intensidade e distribuição da precipitação, pela taxa de infiltração da água no solo, pelo grau de saturação do solo e pelas características morfométricas e morfológicas da bacia de drenagem, além da presença ou ausência de vegetação (Tominaga; Santos; Amaral, 2009). Além disso, atividades antrópicas como o uso e a ocupação irregular das margens e áreas da planície de inundação, acúmulo irregular de resíduos sólidos, retificação e canalização dos recursos hídricos, impermeabilização do solo, assoreamento e deposição de sedimentos no corpo hídrico, aceleram e intensificam os

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