9 PREFÁCIO Fernando Rosado Spilki A crise causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, sem precedentes históricos da mesma magnitude na região, mesmo que em vias de superação, não deve ter sido o último grande evento climático de nossa existência. Enquanto os modelos atuais apontam algo similar para um prazo entre uma e três décadas à frente, aprendemos consistentemente ao longo dos últimos anos que previsões no contexto da mudança climática podem ser lamentavelmente antecipadas. Impactos estruturais profundos, milhares de pessoas desabrigadas e os riscos sanitários e ambientais que se impuseram na esteira da enchente são um violento aviso dos desafios e de nossa fragilidade neste séc. XXI. Por outro lado, a mobilização consorciada da sociedade, dos órgãos públicos e da comunidade científica tem sido fundamental no processo da (re)construção de um RS mais resiliente. Aliás, a ciência tem sido essencial no enfrentamento desse desastre. Seja na geração de informação qualificada para orientar a população e as políticas públicas, na previsão de novos eventos extremos, no monitoramento de riscos sanitários, no desenvolvimento de soluções emergenciais de engenharia, logística e saúde pública, o papel dos cientistas tem sido absolutamente central. A presente obra traz um registro das ações locais dos nossos pesquisadores nos eventos de 2024, da contribuição da Universidade como um todo ao enfrentamento da crise, mas tambémuma série de reflexões e provocações necessárias para o futuro, tomando por base um conjunto robusto de dados coletados e analisados ao longo dos anos por nossos grupos de pesquisa. Do ponto de vista científico, é urgente fortalecer áreas como meteorologia, hidrologia, modelagem climática, engenharia ambiental, saneamento, saúde pública e urbanismo sustentável. Além disso, será necessário ampliar os estu-
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