Inteligência Artificial: um “artefato” discursivo 122 a indústria e os espaços acadêmicos. Um dos exemplos mais conhecidos desta relação foi o Projeto Manhattan, empreendimento milionário que pôs à prova o domínio da física e seus cálculos, confirmando o potencial destrutivo da fissão nuclear, às custas de milhares de vidas (Rhodes, 2012). As expectativas e demandas militares proporcionaram rápida progressão aos computadores, ainda que o seu desenvolvimento já estivesse em curso antes da Segunda Guerra Mundial. Concluído somente após 1945, o Electronic Numerical Integrator and Computer (ENIAC) foi um dos computadores criado neste contexto. Com aporte “nos desenvolvimentos da tecnologia de computadores durante a guerra, o governo dos EUA lançou o ENIAC ao público em geral no início de 1946, apresentando o computador como uma ferramenta que revolucionaria o campo damatemática” (Burton, [20--], n. p., tradução livre). Logo após o final da Segunda Guerra, os conhecimentos até então desenvolvidos, as instalações laboratoriais presentes nas universidades, o discurso da computação em termos “solução de problemas”, assim como a busca de valorização por parte dos pesquisadores da área, são fatores que contribuíram para o reconhecimento da Computação como uma Ciência autônoma e de vasta abrangência. Em 1947, na Universidade de Columbia, foi instituída a Association for Computing Machinery, cujo propósito originário consistia em promover a ciência, o desenvolvimento, a construção e a aplicação de novas máquinas para computação, raciocínio e outras formas de tratamento da informação (ACM, [20--]). Desde o início da história da computação moderna, o pensamento racional (humano) e as máquinas eramdiscursivamente relacionados, o que se tornou ainda mais evidente na metade do século XX. Em 1950 Turing publicou o artigo “Computing machinery and intelligence”, no qual propôs a questão “as máquinas podem pensar?”. Envolvido com pesquisas multidisciplinares em diálogo com a matemática, a engenharia, a sociologia, a psicologia, entre outras áreas, em 1948 Norbert Wiener publicou a obra “Cibernética: ou controle e comunicação no animal e na máquina” (Wiener, 2017) e ainda, em 1950, “Cibernética e sociedade: o uso humano de seres humanos” (Wiener, 1968). Em 1968 o biólogo austríaco, Ludwig Von Bertalanffy publicou a obra “Teoria Geral dos Sistemas” (Bertalanffy,
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