Inteligência Artificial: um “artefato” discursivo 126 Automação e eficiência são conceitos integrados no contexto da técnica. Considera-se eficiente o que proporciona resultados, a partir de condições e modos mais econômicos e céleres. Nesse sentido, a automação de processos é ummodo para obter eficiência. Sobre a questão, Cupani (2016, p. 12) adverte que: [...] a nossa preferência geral por coisas e modos de agir eficientes e rápidos, a nossa inclinação a economizar tempo e esforço, a nossa frequente preocupação em controlar o futuro, e a crescente propensão a nos “programarmos” para o que nos propomos a fazer, indicam que adotamos irrefletidamente uma atitude e uma mentalidade tecnológicas. O predomínio de valores tecnológicos faz supor que a eficiência seja, inevitavelmente, a resposta aos problemas enfrentados pela humanidade. Seria, portanto, o modo mais inteligente a considerar. Nessa ordem, fundem-se duas dimensões semânticas sobre a palavra inteligência: uma, que a reconhece como atributo tipicamente humano, relativo a competências cognitivas; outra, que a toma como qualidade dos objetos e procedimentos que “melhor” atendem a determinados fins. A Inteligência Artificial é discursivamente articulada no eixo desta fusão. Estruturas de alta complexidade matemática são declaradas artificialmente inteligentes em um jogo de sentidos que, por um lado, rivaliza com a racionalidade humana, por outro, é disposta como servil a propósitos diversos. Como uma espécie de reflexo narcísico, máquinas e instruções computacionais são “ordenadas” para performances antropomórficas, sob o pretexto de atender demandas socioeconômicas. No simulacro da inteligência, a humanidade caminha para uma nova ordem metafísica de entidades onipresentes e ubíquas, supostamente provedoras de “soluções” para problemas sob os quais as máquinas não nutrem qualquer consciência. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vasquez (2002) ensina que o valor atribuído aos objetos do mundo, sejam eles naturais ou produzidos pelo homem, não se abstrai das propriedades dos objetos em si, assim como não pode dis-
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