Discriminação algorítmica, Inteligência artificial, Hipervigilância digital e tomada de decisão automatizada

Do ciberespaço ao capitalismo de vigilância: uma nova configuração de poder arquitetada sobre dados 132 sistemas de reconhecimento biométrico em locais públicos, organizações privadas e públicas, residências e em diferentes espaços. É possível sustentar, desse modo, que ao ser humano do Século XXI são impostas práticas e sistemas unilaterais de vigilância que monitoram todos os seus passos e na maioria das vezes semo seu consentimento. O ciberespaço é uma das infraestruturas que possibilita a interconexão mundial de dados e informações, a partir de diferentes dispositivos digitais. A sociedade contemporânea é marcada pela economia movida a dados e que, em decorrência disso, fomenta o desenvolvimento de novas tecnologias cada vez mais sofisticadas e complexas que promovem o monitoramento e a vigilância dos indivíduos, cujo objetivo corresponde à captação de informações para análises preditivas e comercialização de dados. Quanto mais informações se detém sobre algo ou alguém, maior a possibilidade de se exercer controle e manipulação. O ambiente digital é fonte inesgotável de informações e a base em que se apoia é o ciberespaço, que pode ser descrito como um espaço aberto de comunicação, multidimensional, sem fronteiras físicas e temporais. No ciberespaço, diversas tecnologias digitais de informação e comunicação são conectadas e desenvolvidas para coletar dados e informações, criar, gravar, analisar, simular e predizer comportamentos, facilitar o estabelecimento de vínculos sociais e de pertencimento a grupos virtuais, agregando informações e dados que são armazenados e tratados em grandes bancos de dados e por grandes empresas de tecnologia. O indivíduo, sob premissas emancipatórias, deixa rastros digitais diariamente no ciberespaço sobre seus gostos, personalidade, opiniões, vieses políticos e dados sensíveis, de forma que a captura desses dados ocorrerá, tanto por empresas privadas, quanto governamentais, para o tratamento e transformação em análise preditiva e comercialização no mercado, seja para indução comportamental futura (o que ocorre muito em questões de consumo e política) ou com propósitos de segurança à nível local ou mundial. O presente estudo tem como objetivo refletir sobre a sociedade da informação e a construção do capitalismo de vigilância. A partir depensadores-chave busca-se discutir criticamente o surgimento da cultura de controle e vigilância que encontrou terreno fér-

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