Do ciberespaço ao capitalismo de vigilância: uma nova configuração de poder arquitetada sobre dados 138 Portanto, a informação é o novo “ativo financeiro” da sociedade contemporânea. O indivíduo passa a ocupar uma posição de hyper link humano, servindo como fonte inesgotável de dados que, posteriormente, servirão como matéria-prima e fonte de riqueza para as grandes corporações. Não há como refutar que se está diante de um novo paradigma, em que o sistema global capitalista é reestruturado. A informação e os dados pessoais são o principal insumo da sociedade da informação, contudo são os novos recursos tecnológicos de “geração, processamento, transmissão e toda a espécie de tratamento de dados” que dinamizam as relações econômicas do capitalismo (Gazolla, 2021, p. 23 e 31). Diante de tais evidências, Bioni (2021, p. 11) reforça que o terreno fértil proporcionado pelas novas tecnologias à sociedade informacional é alimentado pelos rastros deixados pelo indivíduo no ambiente digital. As diferentes conexões digitais são fatores imprescindíveis à engrenagem da economia movida pela informação. Inclusive, o aperfeiçoamento do marketing direcionado e da publicidade no ambiente virtual são vitais para o funcionamento desta nova forma de capitalismo, também chamado de “economia de vigilância” (Bioni, 2021, p. 11). Portanto, os rastros digitais deixados pelo indivíduo fornecem um caminho para as suas preferências, de forma a facilitar futuras abordagens publicitárias pelas empresas, que remodelarão as indicações com base nas informações anteriormente cedidas, atrelando o que está sendo ofertado de forma precisa ao perfil do consumidor em potencial. Assim, todo clique realizado no ciberespaço e todas as publicações realizadas em redes sociais fornecem informações sobre os seus usuários, operando como uma forma sútil e consentida de vigilância (Bioni, 2021, p. 17-18). 3. DA “MEDIAÇÃO POR COMPUTADOR” AO CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA: ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES DE SHOSHANA ZUBOFF Zuboff, já no ano de 1981 desenvolveu a noção de “mediação por computador”, distinguindo-o da mecanização e da automação de tarefas. Observou em suas pesquisas que na tecnologia de informação, a automação desempenha um papel diferente, além da automação proporcionar “um nível mais profundo de transparência a
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