Hipervigilância, hacking governamental, genocídio quântico e big data 18 associar o que compramos no mercado aos anúncios que são disponibilizados no Facebook, da mesma forma, o Google possui o aplicativo Google Fiel permitindo a análise de lojas e restaurantes vizinhos ao usuário para indicação de ofertas. Por sua vez diversos casos interessantes são citados por Kai-Fu Lee no seu livro 2041: Como a inteligência artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas (Lee, 2022), e embora seja um livro com histórias ficcionais, o mesmo traz informações, exemplos e cenários que já ocorrem na realidade, a exemplo da existência de fintechs (empresas de tecnologia financeira) com base em IA, como a Lemonade, nos Estados Unidos e a Waterdrop, na China, com o fim de venda de seguros por aplicativo ou a contratação de empréstimos por aplicativo, com aprovação instantânea. No capítulo genocídio quântico Kai-Fu Lee afirma que a tecnologia é inerentemente neutra, na linha do que Jose van Dijck chama de “dataísmo”, correspondendo à crença na “objetividade da quantificação”, e na linha do que se denomina de “solucionismo”, imaginando que a solução de todos os problemas sociais estão nas mãos dos dados, e na análise dos resultados, e não das causas, e que as “tecnologias disruptivas podem se tornar nosso fogo de Prometeu, ou caixa de Pandora, dependendo de como são usadas,” considerandocomoomaiorperigoadvindodaIAasarmasautônomas comandadas por IA. Na parte fictícia do livro é citado por sua vez o exemplo do seguro Ganhesha com a função objetiva do algoritmo de reduzir ao máximo o valor do seguro, e a cada comportamento dos segurados, por conseguinte, o valor do seguro aumenta ou reduz, além de estar vinculado a uma série de aplicativos, compartilhando dados dos usuários, englobando e-commerce, recomendações e cupons, investimentos, ShareChat (uma rede social popular indiana) e o fictício FateLeaf, um aplicativo de vidência. Uma das possíveis alternativas mencionadas pelo A. para balancear tal função objetiva voltada à maximização do lucro empresarial, seria a de ensinar a IA a ter funções objetivas complexas, como baixar o preço do seguro e manter a justiça, embora entenda ser possível tal exigência apenas via regulação, pois esbarraria no interesse comercial para atuar de forma voluntária, além de mencionar o importante papel da responsabilidade corporativa, a exemplo da ESG – governança ambiental, social e corporativa.
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