A morte da privacidade na era da hipervigilância digital 224 apenas numa solução legislativa que, em que pese ser extremamente importante, tem demonstrado não ter o condão de solucionar o problema em toda a sua extensão, mas demandará por uma maior conscientização, união e empenho de toda sociedade, inclusive da própria iniciativa privada e do Estado, se quiser efetivamente resolvê-lo. Para ressuscitar a privacidade em um mundo de hipervigilância digital, algumas estratégias precisam ser adotadas, tais como: a utilização de ferramentas de privacidade e de VPNs (Virtual Private Networks) para criptografar a conexão à internet e proteger os dados contra interceptações; utilização de navegadores e motores de busca que não rastreiam o histórico de busca dos usuários; e a adoção de softwares que criptografam e-mails e mensagens para e-mails e para mensagens instantâneas. É sabido que é possível programar a maioria dos navegadores para não aceitar cookies, o que ajuda a proteger a privacidade, em que pese alguns sites funcionarem apenas se a configuração do navegador tiver sido escolhida para aceita-los. Alternativamente, as pessoas podem tirar proveito de software de criptografia, como já referido, bem como pesquisar a reputação de sites e programas antes de acessá-los. Independentemente disso, o pressuposto básico deve ser sempre que a Internet não é um ambiente privado ou anônimo. Dessa forma, as pessoas deveriam proteger-se mais ao ingressarem nas redes sociais ou fazerem o download de arquivos, programas ou aplicativos. É necessária uma conscientização de todos sobre os problemas que podem advir de uma falta de proteção adequada. Para tanto, pode-se revisar e ajustar as configurações de privacidade em redes sociais para limitar a visibilidade das informações pessoais e ajustar também as permissões dos aplicativos e desativar serviços de localização quando não forem necessários. Essa conscientização, todavia, deve passar por um trabalho de educação sobre segurança digital e privacidade, inclusive com a leitura e compreensão das políticas de privacidade dos serviços e aplicativos que são utilizados. A educação sobre segurança digital, que perpassa a questão da proteção de dados e da privacidade, precisa ser implementada como disciplina na grade curricular desde a infância, para que uma cultura da privacidade seja criada como conditio sine qua non para proteção e eficácia do direito à privacidade.
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