Algoritmos como mecanismos de opressão à população LGBTQIAPN+ 244 é justamente por não ser um processo apenas técnico que há espaço para a discriminação algorítmica. Além da construção técnica, há a construção social, afinal de contas, quem cria os algoritmos são pessoas, imersas nos processos sociais, entre os quais estão os preconceitos, os estereótipos e as discriminações. Quando um algoritmo é criado com objetivo(s) específicos, ele vai buscar dar respostas diretas à(s) questão(ões) levantada(s), mas isso vai se dar repetindo padrões de comportamento que espelham a lógica social. A aparente objetividade do sistema binário pode, portanto, disfarçar que o processo de elaboração é humano e leva em conta a consideração de questões, a percepção de problemas, o apontamento de soluções, tudo isso enviesado pelas percepções de mundo de quem os criou (Hoffmann-Riem, 2022, p. 36-39). Voltando ao modelo de negócio das empresas na economia informacional, verifica-se que ele opera baseado na captura massiva de dados para que sejam processados e alimentem. E isso só é possível porque há uma concentração massiva do processamento de dados em poucos operadores do mercado, dentre os quais se destacam as Big Norte-Americanas Apple, Google, Facebook, Microsoft e Amazon (Morozov, 2018, p. 146-147). Essas empresas operam em todo o planeta e oferecem produtos e soluções e criam necessidades que passam a ser compartilhadas por pessoas nos mais diferentes e distintos países, o que levou alguns autores a criarem o conceito de colonialismo de dados, uma nova forma de dependência do capitalismo digital, em que países com menos infraestrutura tecnológica passam a depender dessas empresas e, por vezes, dos países onde estão sediadas. O uso do termo colonialismo não é resultado de uma simples comparação, mas da análise que as formas de negócio combinam as práticas predatórias do colonialismo com a captura massiva de dados das pessoas (Cassino, 2021, p. 26-31). Como a vida social passou a ser fonte geradora de dados, as populações de todo o planeta estão sujeitas ao tratamento desses dados, que são extraídos de quem usa os serviços e produtos, concentrando poder em quem detém a tecnologia. É uma forma de o capitalismo manter domínio e exercer poder, de um centro sobre todo o planeta, determinando padrões econômicos, políticos e morais (Avelino, 2021, p. 73-78). E o que isso tem a ver com as populações LGBTQIAPN+? Uma das formas de operar o poder advindas
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