293 Rafael Cemin Petry e Juliane Altmann Berwig Denota-se que preceitos metafísicos, espirituais e desvencilhados do plano físico estão excluídos de sua linha filosófica. A inteligência e os pensamentos emitidos pelo homem, para o empirista, derivam de uma lógica edificada em regras para o correto pensar. Pensamentos seriam fluidos e por esta razão deveriam ser relacionados com sinais sensíveis, pontos de definição e referência, tanto positivos quanto negativos, como “homem”, “não-homem, “animal”, “não-animal” (Antiseri; Reale, 2017, p. 394). Assim racionalizar seria uma atividade humana ligada a computação ou conexão de nomes, proposições ou definições, caminhando em um sentido embrionário do que viria posteriormente a ser conhecido como cibernética: Essa concepção do raciocinar, entendido como “compor” e “decompor” e “recompor” e baseado nos semantemas ou sinais linguísticos, e o relativo pano de fundo convencionalista surpreendem pela modernidade e extraordinária audácia, pois contêm pressentimentos da contemporânea cibernética (Antiseri; Reale, 2017, p. 395). Compreensão similar ao estrito sentido entre “pensar” e “computar” pode ser verificado nas teorias do criptoanalista Alan Turing, questionando, em meados de 1936, se máquinas seriam capazes de possuir inteligência. O objetivo acadêmico de Alan Turing vislumbra-se em seus artigos On Computable Numbers e Computing Machinery and Intelligence, em que empreende esforços para conceituar o que seria uma máquina inteligente, assim como dispõe acerca de maneiras para testa-la (Taulli, 2020, p. 17). Nesta oportunidade, emerge o conhecido Teste de Turing (TT), em que uma máquina, treinada para análises sintáticas e para formalização de respostas simbólicas, confecciona respostas para um entrevistador humano, pairando a tarefa a um avaliador, também humano, de distinguir se o entrevistador dialoga com uma máquina ou outro humano (Taulli, 2020, p. 17). Conforme Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira (2021, p. 31), Alan Turing, ao deparar-se com a impossibilidade em distinguir com precisão os conceitos entre inteligência e atividade pensante, o criptoanalista encontra uma forma de testar se uma máquina estaria habilitada a simular o comportamento comunicativo humano, podendo assim confundir um observador neutro. Observando-se o teste edificado por Alan Turing, se verifica a imperiosidade do tra-
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