Hipervigilância, hacking governamental, genocídio quântico e big data 34 Pensando-se em medidas no sentido de uma governança multicamadas, envolvendo diversas iniciativas interligadas, quais sejam, regulação, códigos de ética, política pública, medidas de compliance, design, cada vez se destacam mais as duas últimas iniciativas, pois possuem a natureza de atividades de mitigação de risco de forma preventiva. Interessante observar que no nível internacional e pensando nas grandes empresas estas já estão a elaborar internamente medidas de “compliance”, usando ou de seus próprios “frameworks”, ou geralmente de normas técnicas internacionais, a exemplo da NIST e ISO, vendo tal custo operacional, de forma sustentável, como essencial para o quesito confiança, e umdiferencial competitivo. É apontado para o papel central da proteção da reputação, por meio da internalização dos requisitos de conformidade como parte integrante do negócio da empresa, retratado como uma vantagem competitiva.30 Daí a pergunta, porque do “compliance” e da governança em IA? Porque são caminhos seguros para podermos falar em IA responsável, transparente e confiável e mais, sustentável, trazendo uma proteção adequada a direitos, pois pensada de forma prévia, ou seja, antes que o dano a tais direitos ocorra. Como as epistemologias do Sul focam em formas de resistência às 3 opressões que existem na sociedade, cumpre pensarmos em termos de práticas de resistência à época do colonialismo de dados, abrangendo o biocolonialismo e o colonialismo de carbono (Laurie Parsons – como as inequalidades globais moldam a vulnerabilidade ambiental), fenômenos próprios do atual capitalismo de dados, de plataformas e da vigilância, destacando-se a desobediência epistêmica, práticas contra-hegemônicas, e a abordagem decolonial, com destaque para o relatório “Decolonising the Internet” de 2018 da or30 I think the motivation to be compliant is, you know, you want to protect the bank’s brand. And you want customers and the shareholders to feel as if their bank is a safe bank in which they can conduct transactions and they go without having to worry about. You know, is this bank going to be open tomorrow? Are there issues associated with whom they are lending money to? Do they have good business practices? And to comply allows us to give that type of confidence to our customers, internally to our employees and also to our shareholders. We look at it as a value proposition whereas before compliance was looked as a cost of doing business or an expense. But, you know, we treat compliance as our ability to contribute to the brand and to the safety and soundness of the organisation. We think it is a competitive advantage to comply (Interview with a compliance officer, Canada, 2016 – David Lyon_ David Murakami Wood – Big Data Surveillance and Security Intelligence-UBC Press, 2020).
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