Discriminação algorítmica, Inteligência artificial, Hipervigilância digital e tomada de decisão automatizada

377 Maiara Ubinski Bauer e André Rafael Weyermüller A arte, na maneira de criar objetos de valor estético, é uma construção cultural relativamente nova. No passado, era considerada uma atividade manual necessária para produzir objetos socialmente funcionais. Os primeiros humanos criaram objetos simples comomachados demão, mas esses itens tinhamuma finalidade prática; não possuíammuitos elementos decorativos ou indicações que pudessem remeter a qualquer outra coisa: eram simples ferramentas (Crofton; Black, 2019, p. 99). Por um lado, entende-se a arte hoje como uma espécie de produto de luxo que encanta museus e exposições, ou como um objeto especial que serve de decoração em salões. Por outro lado, há de se pensar que o uso da palavra arte é recente, com a qual muitos dos maiores arquitetos, pintores ou escultores do passado nunca sonharam. Na época, não eram apenas obras de arte, mas artefatos com propósitos definidos. Ainda, quanto mais se recua na história, mais explícitos são os propósitos a que a arte servia. Assim, para os povos primitivos, aqueles que viveram mais próximos do início da humanidade, não havia diferença entre construir um abrigo e desenhar, considerando que, embora diferentes, ambos possuíam propósitos (Gombrich, 2000, p. 33). Dessa forma, o que hoje é chamado de “obras de arte” não é o resultado de atividades místicas, mas objetos feitos de humanos para humanos. Há de se lembrar que cada uma de suas características é o resultado de decisões pessoais do artista; ele pode ter meditado sobre elas e decidido mudá-las repetidas vezes, pode ter hesitado em deixar aquela árvore ao fundo ou não; pode ter ficado satisfeito com os detalhes alegres, ou até inesperados por insistência do comprador. De qualquer forma, a maior parte das pinturas e esculturas que hoje adornam as paredes dos museus e galerias não se destinavam a ser expostas como obras de arte (Gombrich, 2000, p. 20). Em certo momento, alguém usou barro colorido para moldar, de forma inábil, a forma de um animal na parede de uma caverna. Já nomundomoderno, as pessoas passarama comprar tintas para desenhar em tapumes nas ruas (Gombrich, 2000, p. 2). Isso levou à ideia de que a linguagem do ser humano, assim como as artes e a agricultura, não eram tão únicas, mas o ser humano em si seria singular dentro os animais, devido à sua capacidade de aprender com as experiências de animais damesma espécie que vivemou viviam, numpassado

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