407 Agnes Borges Kalil, Haide Maria Hupffer e Dailor dos Santos em massa de desinformação com fatos e declarações falsas, criadas e compartilhadas conscientemente para causar danos. De igual forma, minam a “possibilidade de um processo legítimo de formação de opinião e tomada de decisão com base em informações corretas”. Por isso, a “era pós-factual” é questionada na sociedade da informação e na sociedade em rede, pois uma grande parcela da população vive em um espaço em que não mais questiona se a informação é falsa ou verdadeira, pois já “abandonou os critérios convencionais de evidência, consistência interna e busca de fatos” (Zimmermann; Kohring, 2018, p. 526). Paramelhor visualização conceitual, cita-se o seguinte exemplo aplicado à plataforma Twitter, na qual os termos de uso são caracterizados como as instruções de uso da própria tecnologia – tal característica não permite determinação de verdadeiro ou falso –, enquanto ao conteúdo do tweet é possível atribuir característica declarativa, tratando-se de informação factual (Furtado, 2022, p. 23). É a partir da informação factual que haverá a classificação entre verdadeiro ou falso. Conforme Wardle e Derakahshan (2017, p. 20), a desinformação (information disorder) pode ser dividida em: i] intencional, quando a informação falsa é criada para prejudicar; ii] não intencional, quando a informação é falsa, atrelada a um contexto equivocado; e iii] com intenção de causar dano, baseada na realidade e como objetivo de prejudicar, sendo o discurso de ódio umexemplo. Neste sentido, o discurso de ódio está incluso em uma das categorias de desinformação, segundo Wardle e Derakahshan (2017, p. 20), abrangendo a desinformação embasada na discriminação, seja qual for a categoria (etnia, religião, classe, gênero). Wardle e Derakahshan (2017, p. 23) observam três elementos que compõe o processo da desinformação, sendo eles: i] agente, quem cria, compreendendo o motivo de fazê-lo; ii] mensagem e suas características; iii] intérprete, quem recebe a mensagem e a interpreta, bem como as ações consequentes. Já a fase da desinformação, está assim identificada pelos autores: criação, produção (produtomidiático) e distribuição (quando se torna pública). As etapas de produção e distribuição podem se repetir de forma infinita com a mesma criação, tendo em vista que o formato midiático pode ser adaptado por diferentes agentes que, observados suas motivações, poderão distribuir a mensagem para as suas comunidades e
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