A plataformização da desinformação e o Projeto de Lei das Fake News 408 essas, por sua vez, distribuem para outras comunidades (Wardle; Derakahshan, 2017, p. 24). A desinformação também pode ser disseminada na forma de fotos e vídeos (manipulados) ou dos chamados memes, desde que representem um certo recorte da realidade. A desinformação pode estar em uma imagem que não está devidamente contextualizada com o objetivo de enganar o destinatário com “meias-verdades” e circular na consciência de sua falsidade, como também na desinformação propagandística, ou seja, quando são propagados relatórios falsos intencionalmente enganosos para fins políticos, mercadológicos, econômicos ou sociais com a intenção de manipular os destinatários com informações inverídicas. “O (possível) engano dos destinatários, portanto, não ocorre inconscientemente, mas conscientemente”. Os autores da desinformação atual agem intencionalmente com o objetivo de enganar e de disseminar deliberadamente uma informação inverídica (Zimmermann; Kohring, 2018, p. 530-538). Kuau e Marwick (2021, p. 1-2) trabalham com dois fatos históricos que podem ser relacionados à preocupação acadêmica e política sobre a desinformação: o ressurgimento do nacionalismo branco de direita exemplificado pela vitória presidencial de Trump no ano de 2016 e a saída do Reino Unido da União Europeia no ano de 2020, nominada como Brexit, com consequências profundas para cidadãos, empresas e administrações públicas. Os autores adotam uma visão histórica e contextual da desinformação, argumentando “que tanto o conteúdo quanto o enquadramento da desinformação reproduzem a branquitude nos Estados Unidos. A supremacia branca é construída sobre pressupostos que elevam e fortalecem as perspectivas brancas como normais e padrão”. Na análise dos autores a branquitude, “não é uma identidade racial individual, mas uma parte fundamental de sistemas de poder mais amplos e historicamente enraizados que privilegiam perspectivas brancas”. Por isso, o conteúdo da desinformação não pode ser ignorado, pois ao tentar tratá-lo como uma coisa tóxica não se observa as desigualdades ideológicas e histórica que a movem (Kuau; Marwick, 2021, p. 3-4). De igual forma, não se pode ignorar o papel damídia tradicional ao longo da história para a manutenção da desigualdade e a repetição de narrativas e estereótipos que reforçam comportamentos racistas, xenófobos, transfóbico e misóginos pré-existentes. No en-
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz