A plataformização da desinformação e o Projeto de Lei das Fake News 410 gens dos avanços das tecnologias, bem como para evitar ou minimizar suas deficiências (Zimmermann; Kohring, 2018, p. 538). Mas não é somente na disseminação da desinformação que as novas tecnologias da comunicação e da informação estão ocupando espaços de poder. No mundo cultural e da lógica de mercado observa-se uma reconfiguração entre o público, artistas e produtores culturais propiciado pelo fenômeno da plataformização das indústrias culturais, tema esse, que será examinado em sequência. 3. PLATAFORMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CULTURAL A humanidade transformou ao longo da história a forma de se comunicar, iniciando pela oralidade, passando pela escrita, introduzindo o som e a imagempara criar e distribuir informação e cultura, até chegar na era digital (Couto et al., 2009, p. 1-7). Nas últimas décadas do final do segundo milênio da Era Cristã ocorreu uma grande transformação nas tecnologias da informação e comunicação (TIC) que remodelou “a base material da sociedade em ritmo acelerado” penetrando em todas as esferas da atividade humana. As TICs explodiram em todos os tipos de aplicações e usos, com a ênfase na interatividade, interconectividade, dispositivos personalizados, formação de redes, o que resultou na produção de inovações tecnológicas em velocidade jamais vistas em outros períodos históricos (Castells, 2022, p. 61-65). O que no início pode ser chamado de “separação entre os estratos sociais (separações etárias, de classe, educação, raça, crenças)”, quando o acesso e o direcionamento da informação eram restritos a uma parcela da sociedade, passou a ser uma cultura de massa (Melo, 1973, p. 113). Os meios de comunicação em massa – caracterizados como àqueles baseados “no sistema um para-todos, ou seja, que produz e distribui o mesmo conteúdo para atingir um grande público” (Couto et al., 2009, p. 1) – possuem grande influência na produção cultural e comportamento social da população que atinge. Como queriam os seus inventores, Castell (2022, p. 66) observa que arquiteturas de redes foram criadas e que agora é quase impossível controlá-las, pois a sociedade em rede é composta “por milhares de redes de computadores autônomos com inúmeras maneiras de conexão, contornando barreiras eletrônicas”. O autor posiciona que em relação as tecno-
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz