411 Agnes Borges Kalil, Haide Maria Hupffer e Dailor dos Santos logias estrategicamente decisivas, a forma e a habilidade ou inabilidade de lidar com elas determinam o destino da humanidade, em especial, pelo mau uso que as sociedades podem fazer do seu potencial tecnológico. A sociedade está sendo transformada pela cultura material do novo paradigma tecnológico que se organiza em redes globais de instrumentalidade e que se expandem exponencialmente (Castells, 2022, p. 87). Na era digital, mais uma transformação no sistema de comunicação ocorre, em razão do avanço das tecnologias digitais, dentre elas as plataformas digitais: o que antes era chamado de sistema um para-todos da mídia de massa, passa a ser todos-todos no ciberespaço. Não se trata da substituição de um pelo outro, mas sim da sua coexistência (Couto et al., p. 8-11). Enquanto a primeira busca encontrar um denominador comumpara atingir a grandemassa, recebendo apenas a leitura de dados dos seus consumidores, a segunda (ciberespaço) proporciona uma relação multilateral, permitindo que todos possam ser autores, emissores e receptores de informação e cultura. Dessa forma, o ciberespaço proporciona interação e relacionamento entre as partes, caracterizando as tecnologias digitais que compartilham desse contexto como infocomunicacionais (Couto et al., p. 8-9). A economia global/informacional foi organizada em “plataformas” como coisas e posteriormente para “plataformização” como processo, compreendida como a “penetração de infraestruturas, processos econômicos e estruturas governamentais de plataformas em diferentes setores econômicos e esferas da vida” (Poel; Nieborg; Van Dijck, 2020, p. 4-5). De referir, que o termo plataformização abrange muito mais que a infraestrutura técnica computacional. O que no início poderia se limitar a área técnica de desenvolvedores, tornou-se um mercado multifacetado – modelo de negócio que permite a interação de múltiplas partes (Rochet; Tirole, 2003, p. 28-29) –, conectando desenvolvedores, produtores culturais, usuários, consumidores e anunciantes em um único ambiente: a plataforma digital. Esse usomais conceitual de “plataforma” se apoia em todas as conotações do termo: computacional, algo a partir do qual construir e inovar; político, um lugar de onde falar e ser ouvido; figurativa, no sentido de que a oportunidade é uma promessa tanto abstrata quanto prática; e arquitetônica, em que o YouTube é projetado como uma facilitação de expressão igualitária e de braços abertos,
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