Discriminação algorítmica, Inteligência artificial, Hipervigilância digital e tomada de decisão automatizada

413 Agnes Borges Kalil, Haide Maria Hupffer e Dailor dos Santos Essa mudança drástica começou em 2017 e foi apelidada de Adpocalypse, o que representa a proporção do impacto gerado aos produtores de conteúdo, que acabaram por perder de forma repentina a monetização de seus vídeos com a mudança da política da plataforma. O que motivou essa mudança foi a manifestação de grandes marcas, dentre elas o jornal britânico The Guardian, as quais, após perceberem publicidades suas vinculadas a vídeos de conteúdo extremista – tais discursos de ódio racistas, homofóbicos, em apoio a grupos radicais e terroristas, como Estado Islâmico e nazismo –, solicitaram providências junto ao YouTube para que não vinculassem suas publicidades a este tipo de conteúdo. Contudo, inicialmente a plataforma se negou a alterar sua política de governança, fundamentando seu posicionamento na liberdade de expressão via web. Contudo, o movimento entre as marcas ganhou força e, com a retirada emmassa de anúncios da plataforma, o YouTube alterou sua política de monetização. Ocorre que as alterações realizadas no Programa de Parcerias do YouTube, apesar de terem possibilitado a exclusão de categorias inteiras de conteúdo para vinculação do anúncio, limitou as contas que poderiam participar do programa: a partir de então, somente contas que preenchessem determinados requisitos, dentre eles o mínimo de mil inscritos, poderiam monetizar seu conteúdo (Poell; Nieborg; Duffy, 2022, p. 14-16). Outro problema apontado é a falta de transparência na “geração de valor monetário para os vídeos, uma vez que as fórmulas dos algoritmos do YouTube são segredo de indústria. Consequentemente, perde-se o efeito de precisão fundamental para a legitimidade de qualquer mercado baseado em algoritmos”. Certamente é possível observar um paradoxo econômico na conduta da empresa: “no momento em que os algoritmos deveriam entregar a mais perfeita transparência das relações do mercado, seus métodos provocam opacidade e desconfiança nas relações econômicas”(De Marchi, 2028, p. 210). O YouTube é o segundo endereço na webmais acessado no Brasil, ficando apenas atras do Google.com (Coruja, 2017, p. 46). O impacto gerado pela implantação do Programa de Parcerias para fins publicitários abalou muitos produtores de conteúdo que, além de reduzirem o ganho em anúncios, face a exclusão de categorias, por vezes sequer monetizariam seu conteúdo, já que não preenchiam todos os requisitos da plataforma. Vale lembrar que a

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