17 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 atores privados durante a pandemia e como isso afetou grupos vulneráveis que buscaram a proteção do SIDH. Portanto, a atuação do SIDH deve ir além das respostas convencionais e incorporar uma perspectiva mais ampla, capaz de lidar preventivamente com as complexas crises ecológicas, sanitárias, econômicas e políticas do século XXI. Nesse sentido, para qualquer reforma do sistema ou para a implementação das mudanças estruturais necessárias que permitam ao SIDH enfrentar as múltiplas crises atuais, é imprescindível o comprometimento dos Estados da região, tanto em termos políticos quanto financeiros. Infelizmente, esse compromisso tem sido uma falha significativa no Sistema Interamericano. Em grande parte, essa falta de apoio resulta da relação ambígua que os Estados têm com o Sistema. Enquanto afirmam apoiar o SIDH, em momentos de crise, seja financeira ou política, eles minimizam a gravidade da situação, evitam assumir a sua responsabilidade, e/ou adotam medidas superficiais e ineficazes. No fim das contas, o verdadeiro obstáculo é a ausência de vontade política. Uma compreensão adequada e crítica do Sistema, assim como de sua relação com os órgãos políticos que o limitam, apontaria que para enfrentar as crises alheias, ele primeiro precisa lidar com suas próprias crises. Em suma, este livro não se limita a analisar as crises do passado, mas propõe uma nova abordagem frente às novas crises. Para enfrentá-las de forma eficaz, é crucial que o SIDH – com o apoio necessário dos governos do hemisfério – recupere sua força interna, se renove e assuma um papel mais ativo e integrado na proteção dos direitos humanos, especialmente em tempos de emergências globais. Só assim o SIDH poderá cumprir sua missão de garantir e transformar a dignidade humana nas Américas. Por fim, ressalto que esta obra é claramente o fruto de um esforço coletivo que merece ser amplamente reconhecido. Ela demonstra de forma inequívoca que os investimentos públicos em pesquisa de qualidade não só devem ser preservados, mas também vigorosamente incentivados. Sua relevância é tanto
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