Raízes e ramificações: a Justiça de Transição na América Latina em tempos de covid-19

226 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 no Brasil308, monitorado pela Fiocruz. Os territórios yanomamis abrangem 9.664.975,4800 hectares e alcançam os Estados de Roraima e Amazonas, no Brasil, bem assim atravessam a fronteira com a Venezuela. A notícia mais remota da preexistência destes indígenas data 1787. Desde a segunda metade do século XX, os povos yanomamis, no Brasil, vêm sendo dizimados. Razões históricas residem no conflito com garimpeiros, com governos extremistas309, com empresas e pessoas envolvidas em obras de construção de estradas na Amazônia e com as grandes mineradoras. OMapa da Fiocruz310 traz informação que aponta que a área de floresta, na TI Yanomami, destruída pelo garimpo ilegal, em 2021, superou a marca de 3 mil hectares, aumentando em 44% o indicador em relação ao ano anterior. Informa que foram registrados 3.059 alertas de novos pontos de extração mineral na TI Yanomami, afetando mais 10,86 km², só em 2021. Estima o crescimento do garimpo ilegal na área em 3,35%, entre os anos de 2016 a 2021, estando o extrativismo associado ao aumento da malária, da desnutrição infantil, a contaminação humana e ambiental por mercúrio e o aumento da exploração sexual. Conclui-se que as crianças e os jovens vêm sendo as maiores vítimas das violências vivenciadas, “atualizando o colonialismo que persiste na Amazônia e em outros territórios indígenas no Brasil, já que diariamente os garimpeiros ilegais promovem o extermínio do povo”. A luta do povo Munduruku em relação ao extrativismo minerário que vem contaminando a Bacia Hidrográfica do Tapajós, considerada uma das maiores áreas de mineração e o maior 308 FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Mapa de conflitos: injustiça ambiental e saúde no Brasil. O garimpo ilegal e o genocídio yanomami. Rio de Janeiro: Fiocruz/ENSP, 2023. Disponível em: https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/con flito/rr-invasao-de-posseiros-e-garimpeiros-em-terra-yanomami/. Acesso em: 23 abr. 2025. 309 “[...] na época da Ditadura Militar, diversas doenças como malária, sarampo, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), coqueluche e desnutrição dizimaram o povo Yanomami em várias aldeias entre 1970 e 1980, principalmente. O relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), lançado em 10 de dezembro de 2014, também denuncia como o Estado brasileiro foi responsável pela violência nos territórios indígenas”. FIOCRUZ, 2023, op. cit. 310 FIOCRUZ, 2023, op. cit.

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