23 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 CONSIDERAÇÕES INICIAIS. AS RAÍZES DA JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO: REFLEXÕES SOBRE O PASSADO E A EMERGÊNCIA DAS NOVAS CRISES Há raízes profundas nas crises que nos atravessam. Algumas são antigas, já conhecidas, estruturadas em formas de dominação, autoritarismo e violência estatal. Outras parecem emergentes, inesperadas, como os ramos novos de uma árvore que cresce de forma desordenada sob o impacto de ventos cruzados: pandemias, desastres ambientais, desigualdades agravadas, entre diversas outras. Este livro parte da premissa de que há um entrelaçamento entre essas raízes e suas ramificações, e que compreendê-las exige lançar luz sobre a genealogia das crises e sobre os modos possíveis de justiça em tempos de transição. No centro dessa reflexão está uma disputa sobre como nomeamos a era em que vivemos. O termo antropoceno tem ganhado destaque para designar a fase geológica atual em que a ação humana se tornou força de transformação planetária. No entanto, essa concepção homogeneizante, que responsabiliza a humanidade como um todo, tem sido amplamente questionada por abordagens que identificam não o “ser humano” em si, mas o sistema capitalista global, extrativista e neoliberal, como motor das destruições em curso. Surge então a proposta do capitaloceno, que aponta as raízes estruturais dessas crises na lógica da
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