235 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 CONSIDERAÇÕES FINAIS. AS RAMIFICAÇÕES DA JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO: RESPOSTAS ÀS NOVAS CRISES E PROJEÇÕES FUTURAS Crises contemporâneas se apresentamde forma complexa, interconectada e muitas vezes silenciosa, tornando-se visíveis apenas quando já se instalaram de maneira irreversível. Mais do que eventos isolados, as crises atuais são manifestações de estruturas profundas e historicamente consolidadas. Elas revelam não apenas rupturas pontuais, mas também padrões persistentes de exclusão, exploração e negligência institucional. Quando emergem, não se limitam a um único setor ou grupo social, atingindo diferentes camadas e expondo vulnerabilidades múltiplas, em especial nos contextos de maior desigualdade. Compreender essas crises exige, portanto, um olhar atento para suas causas estruturais e para os modos como se articulam no tempo e no espaço. Nesse cenário, é impossível ignorar a experiência latino- -americana marcada por velhas crises, entre as quais se destacam os períodos de autoritarismo, violência estatal e repressão institucional. Os regimes militares que tomaram conta do Cone Sul no século XX impuseram práticas sistemáticas de violação de direitos humanos que deixaram marcas profundas nas sociedades da região. Em resposta a essas violações, surgiram os mecanismos de justiça de transição, pautados pelos pilares da
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