Raízes e ramificações: a Justiça de Transição na América Latina em tempos de covid-19

239 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 Com relação às novas crises, é imperativo que adotemos um paradigma de antecipação, essencial para enfrentar os riscos futuros de forma eficaz e sustentável. Esse paradigma deve ser fundamentado em uma perspectiva intergeracional, intertemporal e interespacial, reconhecendo que as decisões de hoje não apenas afetam as gerações futuras, mas também têm repercussões que ultrapassam fronteiras nacionais e regionais. A capacidade de responder a esses desafios exigirá não só uma governança mais integrada e cooperativa, mas também uma ética de responsabilidade global, capaz de articular soluções que envolvam diferentes atores e esferas de poder. Estamos, sem dúvida, em uma era de grande transição, marcada por transformações profundas e complexas. Dessa forma, devemos estar não apenas atentos aos desafios do presente, mas também comprometidos em construir as bases de uma governança global capaz de garantir a sustentabilidade e o bem-estar das gerações futuras, fazendo da justiça transicional e da devida diligência ferramentas fundamentais na resposta a essa era de transição. Como advertiu Albert Camus314, não enfrentamos apenas crises políticas ou econômicas, mas uma crise profundamente humana, que exige, portanto, uma reinvenção ética e solidária de nossa forma de estar no mundo. Entre raízes e ramificações, que a justiça de transição na América Latina em tempos de covid-19 não seja apenas memória do que fomos, mas ferramenta viva do que ainda podemos ser. 314 CAMUS, Albert. La crise de l’homme. Conférence prononcée au McMillin Theater, Columbia University, New York, 28 mar. 1946. Texte original.

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