57 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 investigar os processos subjacentes que podem incubar crises no futuro. Por meio do desenho de modelos de crises intenta-se gerar conhecimento empírico para modelar os processos que as constituem. Essa modelagem permite observar e entender como diferentes áreas, como a educação e a saúde, podem ser afetadas por crises específicas, além de explorar como a política pode influenciar esses modelos. Mascareño também menciona esse conceito, que se relaciona com a capacidade do dinheiro de influenciar diferentes âmbitos da vida social. Essa desdiferenciação se traduz em desigualdades e problemas estruturais que afetam áreas como a educação, a saúde e a seguridade social. Para Aldo Mascareño84, em entrevista publicada na Revista Némesis, no ano de 2016, sob o título El estudio de la crisis en Chile y el papel del análisis sociológico a reflexão geral sobre o que é crise é universal. Coerente com essa afirmação é o fato de que a pesquisa empírica e conceitual serve para demonstrar a existência de uma lógica de universalidade comportamental das crises. Todavia, como universal entende-se um modelo capaz de ser replicado em diversos lugares, não apenas de maneira regional ou local, ainda que o foco da análise realizada pelo autor tenha sido o Chile. Para ele, isso pode ser sustentado empiricamente com as tentativas de identificação de “fases semelhantes, momentos similares ou um funcionamento parecido”85 nos processos de crise (nos âmbitos da educação, finanças, transportes etc.). A crise nos sistemas sociais surge, segundo Mascareño86, quando um sistema passa a repetir decisões passadas sem avaliar se ainda são adequadas ao contexto atual. Isso ocorre porque os sistemas precisam equilibrar a autorreferência (voltando-se para si mesmos) e a heterorreferência (observando o ambiente externo). Quando essa observação externa é perdida, o sistema entra em um ciclo fechado, chamado de “singularida84 ROSAS; SEMBLER; TORRES, 2016, op. cit., p. 126-141. 85 ROSAS; SEMBLER; TORRES, 2016, op. cit., p. 128. 86 ROSAS; SEMBLER; TORRES, 2016, op. cit., p. 128-129.
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