63 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 de transição pode fornecer ferramentas para reconstrução institucional, responsabilização de agentes públicos e implementação de reformas que garantam maior resiliência social diante de crises futuras. Portanto, a justiça de transição no contexto da covid-19 não se limita à responsabilização por falhas durante a pandemia, mas busca uma transformação mais profunda dos sistemas de saúde, governança e proteção social. Seu objetivo é garantir que os erros cometidos não sejam repetidos, promovendo uma adaptação sistêmica que torne as sociedades mais preparadas para enfrentar desafios futuros sem que esses resultem em colapsos sistêmicos. Portanto, o peso da influência dos standards interamericanos, na matéria, é fundamental para balizar as ações presentes e futuras de Estados e de atores privados. A partir desse acervo de teorias destinadas a trazer à lume o pode ser entendido por crise, é importante entender o que seja uma “velha crise” a fim de averiguar se as medidas de justiça de transição nasceram no contexto das mesmas para, mais adiante, verificar-se sobre a possibilidade de serem aplicadas no cenário das novas crises. 1.1.5 À guisa de conclusão: convergências e divergências conceituais Nesta primeira parte, exploramos as lentes conceituais de Koselleck, Morin, Ricœur e Mascareño para a compreensão multifacetada do fenômeno das crises. Cada autor, partindo de premissas e focos distintos, ilumina aspectos cruciais da natureza, das dinâmicas e das implicações das crises nas sociedades contemporâneas. Ao transpormos suas análises, emergem tanto pontos de contato enriquecedores quanto nuances que enriquecem a complexidade do debate, preparando o terreno para a exploração aprofundada que se seguirá nas próximas seções desta obra. Koselleck nos convida a perscrutar a “crise” como um conceito polissêmico, mutante ao longo da história, e que transcen-
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