76 RAÍZES E RAMIFICAÇÕES: A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE COVID-19 ra Mundial foi insuficiente para evitar os horrores da Segunda Guerra Mundial. Após o término da segunda grande guerra, a justiça internacional ganhou espaço, momento em que figurou seu auge. Foi neste período que “o tema e o campo de ação da justiça transicional se expandiram para além de sua ação operativa sobre os Estados, passando a atuar também sobre atores privados”123. Com o desencadeamento da Guerra Fria, se iniciou a segunda fase genealógica da justiça de transição. Na segunda fase, datada ao final do século XX, ocorreu uma onda de transições políticas, marcadas pela queda do império soviético. Embora os acontecimentos regionais sejam dotados de suas particularidades, é possível identificar uma conexão entre as transições políticas e a polaridade entre os Estados Unidos e a União Soviética. Todavia, “nas novas democracias que emergiram na América do Sul após o colapso das juntas militares repressivas, não havia certeza de que fosse possível dar continuidade com sucesso ao julgamento de seus líderes no estilo de Nuremberg”124. Na época, emergiu o debate sobre qual política de justiça deveria ser adotada pelos países latino-americanos. Assim, enquanto a política de justiça adotada na primeira fase implicou na “legitimidade de punir os abusos aos direitos humanos, na fase II, a tensão entre punição e anistia se complicou com a admissão e o reconhecimento dos dilemas inerentes aos períodos de mudança política”125. Desta forma, a segunda fase foi caracterizada por uma posição mais crítica em relação a justiça transicional adotada na primeira fase. Foi nesta segunda fase que a justiça transicional, como é atualmente conhecida, se 123 Trecho original: El tema y el campo de acción de la justicia transicional se han expandido para trascender su acción operativa por sobre los Estados y actuar sobre actores privados. TEITEL, Spring 2003, op. cit. 124 Trecho original: En las nuevas democracias que emergieron en Sudamérica después del colapso de las juntas militares represivas no había seguridad de que pudiera seguirse com éxito el enjuiciamiento de los líderes de ellas al estilo de Nuremberg. TEITEL, Spring 2003, op. cit. 125 Trecho original: [...] la política de justicia de la fase I sencillamente asumió la legitimidad de castigar los abusos a los derechos humanos, en la fase II la tensión entre castigo y amnistía se complico con la admisión y reconocimiento de dilemas inherentes a períodos de cambio político. TEITEL, Spring 2003, op. cit.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz