Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) 110 considerado já como caduco, (Shapiro, 2018; Sexton, 2020; Zimberoff, 2021, Fairbairn; Reisman, 2024). 3. O lugar das nanotecnologias nas transformações em curso no sistema agroalimentar global O artigo de Scrinis & Lyons, (2007), que destacamos na pri- meira parte, detalha a maneira em que as nanotecnologias perpassem todos os elos da cadeia de valor do sistema agroalimentar e descreve precisamente as suas múltiplas aplicações desde a pesquisa genética até o packaging do alimento final. Ao mesmo tempo, os autores argu- mentam, que estas inovações estão sendo lideradas pelas grandes corporações incumbentes, e muito embora haja concorrência decorrente da identificação maior destas empresas com um determinado elo da cadeia de valor, isso não implicou numa redefinição do poder econômico, como no caso dos transgênicos que levou à assimilação da indús- tria de sementes nos grandes grupos agroquímicos, e o deslocamento do controle sobre a genética de plantas e animais do setor público para o privado (Kenney, 1988; Kloppenberg, 1988). Trata-se, no entanto, de um novo paradigma, eles concluem, porque redefine o ponto de partida de todas as outras tecnologias transformando o agroalimentar, captado nas noções de nanobiotecno- logias, nano biologia, nano-foods, nano-packaging, nano-pesticidas e fertilizantes, e nano-sensores. Neste sentido se constitui numa nova plataforma em relação a qual todas as outras fronteiras de conheci- mento precisariam se redefinir. Ao invés de favorecer novos entrantes, como no caso das startups do modelo Silicon Valley de inovação (Wilkinson, 2023), ou um setor específico como no caso dos transgênicos, as nanotecnologias estabelecem um novo patamar para o conjunto dos atores em todos os setores e criam uma forte barreira a favor dos grandes players incumbentes em condições de desenvolver ou adquirir as competências necessárias. No momento, porém, as incertezas básicas que persistem sobre o nível e a natureza dos riscos envolvidos na sua difusão, bem como a falta de regulação estão limitando os investimen- tos e o engajamento no seu potencial de redefinir os mercados. Uma série de estudos, no entanto, mostra uma aceleração no número de patentes, e de publicações científicas a partir da primeira década dos anos 2000, inclusive nas suas aplicações aos alimentos e à agricultura, (Singh et al., 2023; Mohammad et al., 2022; Sekhon, 2014). A Tabela 2 que segue mostra os dados de aplicações de patentes nos 15 mais importantes escritórios mundiais de patentes para o período
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