XXI SEMINANOSOMA

113 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) Por mais que a sua incorporação possa se tornar uma condição mínima para a continuada competitividade das empresas líderes, as nanotecnologias, mesmo atingindo todos os elos do sistema agroali- mentar, primam pela maneira em que aumentam a eficiência dos padrões produtivos vigentes. Ao mesmo tempo, as empresas líderes, a julgar pelas patentes, estão se capacitando nas nanotecnologias, e es- tas estão sendo dominadas também pelas novas empresas entrantes via a convergência entre a digitalização e a biologia/genética indicada acima. Na mesma forma de agricultura de precisão, as nanotecnologias fortalecem os padrões produtivos existentes e os seus atores líderes. Nisso se distingue fortemente nas inovações disruptivas que promo- vem a agricultura de clima controlada e as proteínas (e outros alimen- tos) alternativas, mesmo que estas possam também recorrer às nanotecnologias para aumentar a sua eficiência. 4. Conclusão Nos “agrifood studies” as nanotecnologias foram ofuscadas pela atenção dada antes aos transgênicos e depois às transformações do modelo de inovação “Silicon Valley” apostando nas implicações da convergência entre a digitalização e a nova genética para o subverter o sistema agroalimentar. Desde o lançamento dos primeiros programas nacionais para promover as nanotecnologias no início dos anos 2000, o seu avanço foi obstaculizado pelo reconhecimento dos seus riscos e pela falta de uma regulação adequada. Mesmo com estas ressalvas, no entanto, tentamos mostrar neste artigo que, por mais que as nanotecnologias impõem um novo patamar no desenvolvimento de produtos e processos, os seus resultados tendem a reforçar o modelo dominante no sistema agroalimentar, bem como a posição dos seus atores líderes. Se os seus riscos forem contornados e um quadro regulatório que gerava confiança implantado, as nanotecnologias podem se tornar um instrumento fundamental nas trajetórias de “intensificação sustentável” do sistema agroalimentar. Dificilmente, porém, elas levariam a uma ruptura com o sistema vigente, ruptura este preconizada não apenas por movimentos sociais, mas por importantes segmentos do mundo acadêmico e científico, (Willet et al, 2019). Um componente fundamental das transformações em curso no sistema agroalimentar global é a mudança nos fluxos de comércio e de investimento do eixo Norte-Sul para Sul-Leste, sob a batuta da de- manda alimentar chinesa e a oferta do Conesul. Vimos em vários mo- mentos dessa exposição que a China está se tornando um líder global

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