XXI SEMINANOSOMA

Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) 188 desafios relacionados à dependência tecnológica e ao acesso desigual a essas inovações são efeitos colaterais que precisam ser enfrentados. Para que o Brasil possa usufruir dos benefícios dessas tecnologias, é necessário investir em pesquisa e desenvolvimento local, promover a transferência de tecnologia e garantir que pequenos e médios agri- cultores tenham acesso aos recursos necessários para adotar essas inovaçõ U es m . a perspectiva crítica e estratégica dessas tecnologias, à luz das lições do passado, como a “Revolução Verde”, é fundamental para que o Brasil possa alcançar um desenvolvimento agrícola sustentável e inclusivo. O discurso de sustentabilidade associado às novas tecno- logias no agronegócio é incompleto, pois se concentra quase exclusivamente na produtividade e na eficiência técnica. Embora importan- tes, uma visão sustentável precisa incluir a diversidade agrícola e a produção de alimentos saudáveis. Deve valorizar as culturas tradicionais e garantir meios para os agricultores sustentarem suas famílias no campo. A sustentabilidade não é apenas uma questão de eficiência produtiva, mas de equidade social, preservação cultural e respeito aos ecossistemas locais. Se o Brasil deseja de fato adotar um modelo agrícola susten- tável, será necessário repensar a forma como essas inovações são implementadas, garantindo que a diversidade e os saberes tradicionais ocupem um lugar central nesse processo. O Brasil possui uma combi- nação quase exclusiva de recursos naturais, extensão territorial e capital humano que o posiciona como uma potência mundial em potencial, apesar de suas desigualdades estruturais e desafios históricos. O sistema público de pesquisa e desenvolvimento agrícola, com universidades, Embrapa e institutos estaduais proporciona uma fundação robusta para o progresso tecnológico que pode beneficiar tanto a agricultura de grande escala quanto a familiar. No entanto, para que o país alcance todo o seu potencial, é indispensável que as políti- cas públicas sejam reestruturadas para incluir e valorizar a agricultura familiar, reconhecendo sua função na segurança alimentar e no progresso rural. O crédito agrícola, as tecnologias apropriadas e o respeito à diversidade cultural e biológica devem ser componentes centrais de uma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável, garantindo que o Brasil se destaque no cenário global, promovendo justiça social e equidade no campo. Podemos avançar da panaceia das tecnologias sustentáveis para políticas públicas de desenvolvimento sustentável nas rurali- dades brasileiras. Isso é possível ao reconhecer que o progresso não

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