211 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) tende por cerca de 1,6 milhão de quilômetros quadrados – aproximadamente duas vezes o tamanho do Texas. Estima-se que a GPGP contenha cerca de 80.000 toneladas de plástico, o que inclui pedaços de plástico de diferentes tamanhos, desde microplásticos invisíveis a olho nu até grandes redes de pesca descartadas (Lebreton et al., 2018). Essa área de concentração resulta de correntes marinhas que captu- ram e acumulam resíduos ao longo do tempo, criando um problema persistente para a vida marinha e ecossistemas oceânicos. Nos sedi- mentos marinhos, microplásticos podem acumular e afetar organis- mos bentônicos (como moluscos e poliquetas) que ingerem essas partículas junto com o sedimento. A presença de plásticos nas zonas abissais e até na fossa das Marianas indica que essa poluição alcança níveis profundos, afetando ecossistemas pouco estudados e extremamente sensíveis. Em rios, lagos e reservatórios, os micro e nanoplásti- cos vêm se tornando uma preocupação crescente. Como muitos corpos d’água doce conectam áreas urbanas e industriais ao mar, eles funcionam como canais que transportam grandes volumes de resíduos plás- ticos para os oceanos. A presença de microplásticos em água doce tam- bém impacta a biota local: estudos mostramque esses plásticos podem ser ingeridos por aves que dependem desses ecossistemas para ali- mentação (Gil-Delgado et al., 2017). Além disso, as espécies de água doce são expostas a altos níveis de contaminantes transportados pelas partículas plásticas, como pesticidas e metais pesados. A poluição por micro e nanoplásticos em solos é uma questão emergente, especial- mente devido ao uso de lodo de esgoto como fertilizante agrícola e ao acúmulo de partículas plásticas em áreas urbanas e rurais. Essas par- tículas podem afetar a microbiota do solo, que é essencial para proces- sos de decomposição e reciclagem de nutrientes, prejudicando a saúde do solo e a produtividade agrícola. Além disso, estudos mostram que as plantas podem absorver nanoplásticos, o que gera preocupações sobre a segurança alimentar e os potenciais efeitos indiretos para organismos que consomem essas plantas (Yu et al., 2024). Os micro e nanoplásticos estão presentes também na atmosfera, em particular em ambientes urbanos e industriais, onde partículas são liberadas por fontes como desgaste de pneus, tecidos sintéticos e poeira industrial. Estima-se que as partículas no ar possam se espalhar por longas dis- tâncias, inclusive alcançando áreas montanhosas e regiões polares, como demonstrado por pesquisas que detectaram microplásticos na neve ártica e alpina. A presença de microplásticos em ambientes pola- res, como o Ártico e a Antártica, surpreendeu pesquisadores, pois esses ecossistemas são distantes das principais fontes de poluição. No
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