223 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) NANOTECNOLOGIA NA AGRICULTURA: PROMESSAS TECNOCIENTÍFICAS E DESAFIOS EPISTÉMICO- REGULATÓRIOS PARA A PROTEÇÃO DA SAÚDE HUMANA E DOS SOLOS Mauricio Berger1 1. Introdução A aplicação da nanotecnologia na agricultura renova a promes- sa de maior sustentabilidade ao reduzir as doses de pesticidas, por meio de uma série de inovações que incluem materiais sintéticos usa- dos para reconhecimento molecular, fornecendo informações sobre o estado das culturas e dos solos, mecanismos de transferência de dose (nanodelivery) com sistemas de liberação controlada, para melhor ab- sorção ou adesão em culturas e sementes, degradação natural e bios- segurança dos resíduos, aumento da ecoeficiência a partir da redução da quantidade de ingrediente ativo (SCOTT et al., 2018). Ao mesmo tempo, alguns riscos estão sendo relevados: efeitos antimicrobianos na rizosfera que afetam a resistência das plantas a patógenos, extrema variabilidade de biorreatividade entre diferentes nanomateriais e comunidades microbianas e outros elementos da ca- deia alimentar em solos agrícolas (SUPPAN, 2014). O aumento da biodisponibilidade poderia implicar um efeito maior sobre os organismos não visados; da mesma forma, a degradação reduzida dos nanopesti- cidas e/ou os efeitos sinérgicos também poderiam levar a uma toxicidade inesperada e/ou a danos aos organismos não visados. Potencial de aumento da contaminação de fontes naturais de água devido à alta solubilidade dos nanopesticidas, e na saúde humana: possíveis efeitos nocivos das nanopartículas nas células e nos tecidos, por meio de ina- lação ou ingestão, e dificuldades de remoção nos sistemas pulmonar e gastrointestinal. A fase atual de experimentação e uso em campo de nanocar- readores, nanoprodutos, nanossensores e nanofórmulas suscita tanto as promessas de maior eficácia ecológica quanto o foco na segurança dos nanomateriais, nos níveis de exposição e nos impactos toxicológi- 1 Doctor en Ciencias Sociales, Investigador Adjunto Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), Argentina. Sede de Trabajo: Instituto de Estudios en Cien- cia, Tecnología, Cultura y Desarrollo (CITECDE). Universidad Nacional de Río Negro (UNRN- Sede Andina, Bariloche). DOI: https://doi.org/10.29327/5457536.1-16
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz