259 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) gências precisa enfrentar o resultado das contingências dos subsistemas (dupla contingência).56 Nesta senda, as contingências são resultado das observações do observador, realizadas a partir dos objetos e dos conceitos, são construções dependentes uns dos outros de um ponto de vista dis- tinto. No entanto, os conceitos estão muito mais distantes do que os objetos para o observador, pela simples razão de que distinguir e caracterizar vão em direções opostas, exigindo outras distinções, uma distinção das distinções.57 A distinção parte da observação do diferen- te e que gera certo diagnóstico. Esta constatação, com base na Teoria do Conhecimento, determina a condição de possibilidade do caracteri- zar (descrever) o novo e distinguindo distinções chega-se a formação de um conceito.58 Rocha e Azevedo explica a complexidade da observação socie- dade e a sua descrição: A tradição ocidental legou uma teoria do conhecimento que pressupõe umsujeito cognoscente e umobjeto a ser conhecido, ambos como cate- gorias distintas, como entidades separadas. Por trás desta concepção está uma epistemologia que entende o conhecimento como algo dependente de sujeitos, voltados estes para entidades estáveis, que não se modificam no processo de conhecimento, isto é, os objetos. Ocorre que esta epistemologia não é suficientemente complexa para organizar a observação de uma sociedade entendida como comunicação. Se não é possível “sair” da sociedade para descrever a sociedade, não há, pois, como ser aplicada uma teoria do conhecimento a partir da relação sujeito/ objeto, que parte da separação entre sujeito e objeto.59 Portanto, não se trata simplesmente de uma descrição do mundo por parte de um observador de primeira ordem que vê algo positi- vo ou negativo, que constata que está faltando algo. Pelo contrário, é a reconstrução de um fenômeno de contingência múltiplo, como tal, oferece diferentes perspectivas para diferentes observadores.60 É aí que está o risco, pois a liberdade de escolha diante das observações dos subsistemas para o sistema se coloca como verdadeira insegurança,61 já que, cada subsistema de acordo com seu histórico e especia- lidade observa e compreende determinado fato de forma particular 56 LUHMANN, 2007, op. cit., p. 30. 57 LUHMANN, Niklas. Sociología del riesgo. México: Herder; Universidad Iberoamericana, 1992. p. 59. 58 LUHMANN, 2016, op. cit., p. 35. 59 ROCHA; AZEVEDO, op. cit. 60 LUHMANN, 1992, op. cit., p. 59. 61 LUHMANN, 2007, op. cit., p. 30.
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