Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) 290 ética. É deplorável drenar recursos financeiros escassos de países de baixa e média renda para pagar taxas exorbitantes de publicação, que enriquecem cada vez mais as empresas editoriais dos países desenvolvidos, favorecendo também a concentração de poder, dentro de cada país, em grupos de pesquisa que dispõem dos meios de alcançar estas publicações. Porém, a hiper valorização do fator de impacto e da internacionalização de publicações científicas acarreta iniquidades ainda mais graves, como a reprodução acrítica de visões de mundo larga- mente superadas pela realidade, empobrecendo a ciência e o pensamento, e limitando a relevância social da produção acadêmica. Sedia- das nos países ricos, as revistas de alto impacto geralmente induzem agendas de pesquisa, métodos e enfoques que, embora apresentados como “neutros”, na verdade refletem os interesses e as perspectivas do Norte gl A o l b é a m l.” dos aspectos acima descritos pela referida autora, cabem acrescentar mais alguns. O primeiro deles é ressaltar que os periódi- cos internacionais tem os seus “boards” (conselhos deliberativos) que determinam quais os temas que são / serão publicados. Assim sendo, as agencias de fomento a pesquisas no Brasil, acabam por induzir os pesquisadores brasileiros a produzirem novos conhecimentos que são de interesses desses periódicos internacionais e não da sociedade brasileira, pois, são temas que não estão interconectados com os diversos problemas presentes na sociedade brasileira que a comunidade cientí- fica poderia contribuir na solução dos mesmos. O significado disto é a que a sociedade brasileira (que é quem gera os recursos financeiros e humanos) é quem paga as pesquisas que são realizadas, mas, atenden- do os interesse desses periódicos internacionais que são distintos dos interesses da sociedade brasileira. Este e o ciclo vicioso que esta submetida a comunidade cien- tífica brasileira: para obter mais recursos financeiros para novas pesquisas, os pesquisadores tem que publicar mais e mais, além disto, tem que publicar no principais “internationals journals” o que significa produzir novos conhecimentos de interesses desses journals. Evidentemente tudo publicado em Inglês, sem que os brasileiros tenha acesso publico dos relatórios dessas pesquisas em português. Assim sendo, quem paga a conta, sequer tem o direito a receber a informação em sua língua pátria. Deste ciclo vicioso, também faz parte a “industria de paper” em tempos de neoliberalismo na ciência. Vamos recorrer novamente a um autor já citado anteriormente. Peter Schulz escreve “A analogia com o neoliberalismo também se estende a diferentes aspectos notá-
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