373 Anais do XXI Seminário Internacional Nanotecnologias, Sociedade e Meio Ambiente desafios jurídicos éticos e sociais para a “grande transição sustentável” (XXI SEMINANOSOMA) indivíduos, novas situações conflituosas apresentam-se e clamam por solução, por restauração e reequilíbrio. (AMARAL; PONA, 2014, p. 93). Logo, os interesses do usuário carecem de tutela. A sociedade tecnoló- gica é caracterizada pela a “mecanização e automação das atividades humanas, as quais de um lado produziram comodidades e conveniên- cias, mas de outro colocaram em risco o futuro da própria humanida- de” (SANTOS, 2018, p. 159). A caracterização do perfil dos usuários por meio da análise de grandes volumes de dados e inferências técni- cas está abrindo caminho para novos serviços, muito mais personali- zados e adaptados, que podem beneficiar os usuários e consumidores, mas que também criam preocupações importantes quando se trata da privacidade do usuário e da autonomia individual. Subjacente à perso- nalização, camufla-se a despersonalização. A ilusão de livre-arbítrio proveniente da narrativa liberal provavelmente se desintegrará quan- do, mesmo em sociedades supostamente livres, depararmo-nos dia- riamente com instituições, corporações e agências governamentais que compreendem e manipulam o que até então era nosso inacessível reino interior. (HARARI apud ROSENVALD, 2024, p. 17). Segundo B. J. Fogg (2003, p. 1) “entramos em uma era de tecnologia persuasiva, de sistemas de computação interativos projetados para mudar as atitu- des e comportamentos das pessoas . ” A imersão nesse universo regido por algoritmos proporciona facilidades que tornam imperceptíveis e irreflexíveis a sistemática adotada e determinante daquela relação. Es- sas tecnologias associadas a técnicas de utilização de inteligência arti- ficial possibilita a geração de quantidades massivas de dados e modelos capazes de prever, recomendar e influenciar decisões humanas em escalas inéditas, gerando inúmeras preocupações éticas frente a possi- bilidades de abuso que trazem (NOHARA; MARTINS, 2023, p. 206). As relações sociais ocorridas no ambiente virtual acabam por produzir efeitos no mundo material, que muitas vezes se traduzem em danos. O geoprincing é a prática por meio da qual o fornecedor on line de um produto ou serviço oferece preços diferentes levando em consideração a origem geográfica do consumidor. O geoblocking, por sua vez, consis- te na prática de restringir a venda on-line com base na localidade do consumidor. Ambas as espécies estão enquadradas no gênero denomi- nado geodiscriminação (geo do grego significa terra, localidade). Por meio de linguagem de programação computacional, da mineração de dados (data mining) e da utilização de algoritmos específicos capazes de interpretar os dados coletados dos usuários na internet, é possível identificar a localização do consumidor e discriminar, sem motivo justificado, o valor do bem ou serviço disponibilizado na internet. (SER-
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